Do Rio (abaixo...)
UM jogo de futebol pode, de um momento para o outro, passar do sentimento de uma festa de casamento para o plangor de um funeral. Foi o que aconteceu com o FC Porto em Vila do Conde. Mas não: estranho (lá) não foi o ricochete do riso para a lágrima num fogacho apenas (já vou explicar porquê…)
Nietzsche disse do seu espírito:
- Eu não sou um homem, eu sou dinamite!
Para esse jogo com o Rio Ave o espírito do FC Porto tinha de ser esse espírito do Nietzsche - o FC Porto não podia ser só 11 homens, tinha de ser 11 homens em dinamite. Ou melhor: 11 homens jogando o jogo como dinamite posto nos pés e na cabeça ainda mais. Na época passada foram-no sempre, nesta foram-no amiúde (mas já não tanto) - e, sexta-feira (talvez pelo pulmão em fadiga) foram-no algum tempo apenas, o bastante, porém, para lhe dar a vantagem de dois golos que não lhe tiravam das mãos a chave do paraíso. Mas, em dez minutos, tudo se desfez. E, independentemente do cansaço da época apostada em todas as frentes, estranho foi isso mesmo: ver o FC Porto de Sérgio Conceição preso aos nós cegos que as almas anãs atam aos pés que deixam de jogar com a certeza de ir ganhar - para se perderem nos tremeliques de um triste fado. E ver este FC Porto a não ser capaz de impedir que o jogo pendesse para o lado errado do destino - por falta de esperteza e astúcia para o controlar. (Admito que Sérgio Conceição não foi, em Vila do Conde, tão sagaz como tem sido a fazer a equipa ou as substituições mas se equipa como o seu FC Porto está a ganhar ao Rio Ave por 2-0 aos 85 minutos e acaba por perder 2-2 - a culpa é muito mais da burrice ou do esfarrapo dos seus jogadores do que do destrambelho do seu treinador.)
PS: Os apupos, as vaias (e o pior) que o golo do Ronan causou nalguns portistas revelou que não acreditam que o Benfica perca em Braga - o que não deixa de ser sinal do Bruno Lage a fazer no Benfica o que o Sérgio fez ao chegar ao FC Porto (e alguns parecem esquecer...)