Do Malhadinhas

OPINIÃO02.12.202105:30

Herói ou vilão do Aquilino anda cada vez mais no futebol (e por várias formas...)

L EMBRAM-SE? Para uns vilão, para outros herói, era assim o Malhadinhas do Aquilino. Pícaro almocreve de 19 filhos com os dias feitos e desfeitos de brigas e paixões, afrontas e frenesins. De desonras limpas a pau de jogo (como brutamontes) ou a navalha e bacamarte (se a corpulência do adversário o assustasse). Que sem nunca se acobardar, desaforo jamais aceitava, santarrão. Que usava a língua mais afiada do que a espada dum capitão-mor. Que na alma em desassossego punha a crença a arder de que havia de rebentar quem mal lhe quisesse. Que por achar que o mundo que encontrara assim formado o encontrara mais torto que direito era capaz de vender a artes de manha e a preço a galope cavalo estoirado e velho como se fosse novo e bom, nada lhe pesando o lance na consciência, que importante era o ganho que tivesse. Que em defesa de família e amigos enfrentava sozinho bandos de malfeitores e abusadores. E a sacripantas limpava-lhes o sarampo como demónio saltitante em tropelia - sendo bom ou mau conforme o olhava quem o olhava depois (em encanto ou não..).
Eu sei que Nélson Rodrigues (que percebeu que no futebol o pior cego é o que só vê a bola) também descobriu que não se fazem bons negócios, nem boa literatura, nem bom futebol, só com bons sentimentos - mas sim: começa a ser cada vez mais perturbador e insuportável que no futebol em Portugal (naquele que não se joga, porém, no campo, nem no coração - e, às vezes, nem só se joga debaixo do tapete, nas suas trapaças...) andem cada vez mais Malhadinhas (no pior que o Malhadinhas pode ter...) a saltitarem como demónios em tropelias - e não só no que se apanhou, nos últimos dias, em notícias de vergonhas vistas e revistas (ou no procurar embrulhá-las em cinismos e meias verdades...) e/ou em moscambilhas eventuais ou indiciadas (ou no procurar escondê-las em ardis e subterfúgios...). Por isso, investigue-se - e faça-se o que tiver de fazer-se para que não tenha de ser, afinal, tudo tão insalubre (ou pelo menos, parecê-lo...)