Do craque e mais
O melhor de Fernando Santos explicado por Alfredo Di Stéfano e por Alex Ferguson
O LHANDO para o Portugal-Suíça e não vendo por lá o Ronaldo (sim, ao minuto 74 alguém entrou em campo com a sua camisola mas o verdadeiro Ronaldo continuei a não o ver por lá…) o que, num ápice me saltou ao pensamento foi a pergunta (insinuante):
- O que é que faz um craque ?
e, a cada minuto que passava, a resposta continuou a passar-me pela vista num passe, num drible, num corte, num remate, a cada defesa, a cada golo:
- O que faz o craque não é só o talento que se tem nos pés é também o coração que se tem na cabeça e a cabeça que se tem no coração e nos pés...
Ou seja: é a classe com a esperteza, é o orgulho com o caráter. E sim: o que a seleção (mesmo sem Ronaldo) me ia mostrando era tudo isso refinado nos jogadores que lhe iam dando talvez a melhor exibição da seleção neste século (pelo menos) - e no seu treinador…
Já estou a imaginar o alvoroço dos Narcisos às avessas (essa notável criação de Nélson Rodrigues) a cuspirem, obcecados e obsessivos, na própria imagem - perguntando, empertigados:
-… do seu treinador?
Sim, do seu treinador! Do treinador que (tendo já ganho o que nenhum outro selecionador ganhou na história de Portugal) fez o que fez à Suíça por ter metido com a sua argúcia e a sua coragem a equipa toda dentro da frase famosa de Di Stéfano:
- Nenhum jogador é tão bem como todos juntos
atirando o Ronaldo para o banco. Mas não foi só - Alex Ferguson afirmou-o:
- Um bom treinador consegue que os seus jogadores acreditem nele, um excelente treinador consegue que os seus jogadores acreditem sobretudo neles próprios…
e, o que se viu, no Lusail foi isso também: pondo a jogar quem pôs (não pondo Ronaldo), quem jogou nunca deixou de acreditar sempre mais (e mais) em si próprio (e no seu melhor), soltando de si o craque que se faz não só do talento - por mérito do treinador que se tem…