Dirigentes ou meros espectadores?!!!
Um tema muito discutido nos últimos tempos tem sido o da aplicação da sanção da realização de jogos à porta fechada. Não é uma pena aplicada muitas vezes no futebol cá do burgo, mas que saltou para as primeiras páginas dos jornais e tema principal dos programas televisivos, a partir do momento que a Benfica SAD foi penalizada com a realização de dois jogos à porta fechada por duas entidades distintas: um pelo IPDJ e o outro pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Este último foi ainda mais discutido e comentado porque poderia conduzir que o jogo Benfica - Porto se realizasse apenas com a presença das pessoas autorizadas, nos termos regulamentares, a aceder e permanecer no recinto do jogo, bem como os funcionários do clube visitado que estejam a exercer funções necessárias no estádio; os elementos dos órgãos sociais dos clubes intervenientes; o delegado da Liga, o observador do árbitro e os membros da Secção da Área Profissional do Conselho de Arbitragem da FPF, bem como os seus assessores e colaboradores; as entidades que nos termos do Regulamento das Competições têm direito a reserva de camarote; os representantes dos órgãos da comunicação social; os jogadores inscritos nos plantéis dos clubes intervenientes, segundo o que dizem os regulamentos disciplinares da Federação Portuguesa de Futebol e Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Sem espectadores e apenas com telespectadores, neste caso concreto, apenas com a assinatura da BTV!
A sanção da realização do jogo à porta fechada não tem a ver com a interdição de campo, sendo, em minha opinião, mais penalizante que esta. Por outro lado, as opiniões dividem-se quanto ao sentido que faz uma sanção deste tipo que penaliza a esmagadora maioria dos sócios e adeptos do clube sancionado e do clube visitante que nada tem a ver com o assunto.
Na minha modesta opinião, que vale o que vale, estou inteiramente de acordo com essa sanção, pois me parece ser a única forma de consciencializar os clubes e os seus dirigentes de que há que distinguir entre os adeptos que tudo fazem pelo clube e aqueles que não respeitam nem o clube, nem os adeptos do seu clube, nem os do clube adversário ou simples adeptos do futebol.
Os adeptos em geral reprovam os comportamentos minoritários racistas, ofensivos e violentos! Mas tal reprovação não passa do assobio ou tímido protesto, raramente fazendo chegar a sua voz exigente aos dirigentes. Depois olham - os que olham - para as multas com indiferença: não são eles que pagam! Errado! São eles mesmo que pagam, porque o dinheiro dos clubes é dos associados e não dos seus dirigentes. Tal e qual como todos nós contribuintes que suportamos os desvarios (e não só) dos governos.
Por outro lado, há quem diga que os dirigentes dos clubes é que aprovaram esta sanção no regulamento disciplinar para as suas competições e que, portanto, a podem retirar a qualquer momento. Não é bem assim, pois os regulamentos aprovados pela Liga têm de ser ratificados pela Federação Portuguesa de Futebol e não faria muito sentido que esta aceitasse a retirada de uma sanção para situações semelhantes às previstas no seu regulamento disciplinar e que são puníveis com a realização de jogos à porta fechada.
Na verdade, a sanção de realização de jogos à porta fechada, está prevista no artigo 19º do Regulamento Disciplinar da FPF, como está prevista no artigo 30º do RD da LPFP. Como é óbvio, é uma sanção aplicável apenas aos clubes. Com uma curiosidade, no regulamento da FPF, que considera o futebol de praia que a Liga não tem: «no futebol de praia, a sanção de realização de jogos à porta fechada é substituída por sanção de multa entre 30e 50 UC»! Não seria fácil, mas não seria impossível fechar a porta na praia!...
Os clubes, por sua vez, são o conjunto dos seus associados. E, se em certas situações os clubes e os seus dirigentes têm alguma incapacidade para resolver problemas e questões que são mais do Estado que das entidades privadas, certo é também que, para reclamarem do Governo e da Assembleia da República medidas adequadas a comportamentos desviantes do desporto e da vida em sociedade, têm de ter autoridade moral, dando o exemplo, ou seja, não pactuando com os dirigentes que não cumprem as leis e os regulamentos, quer por acção, quer por omissão. E não pactuar significa exigirem desses mesmos dirigentes a separação entre o trigo e o joio. Ora, como referi anteriormente, certas pessoas só reagem quando lhes toca na pele, isto é, quando quiserem ir ao estádio ver o seu clube jogar e estiverem impedidos por aqueles que vão ao estádio sem qualquer interesse pelo jogo!
Quem são os responsáveis pelos actos de violência quando estes não são penalizados internamente, como medida preventiva para a não aplicação da realização de jogos à porta fechada? Quem são os responsáveis pelo apoio a grupos organizados de adeptos com comportamentos antidesportivos? Todos sabemos quem são, e, portanto, não nos queixemos de jogos à porta fechada, sem espectadores!
Prefiro um espectáculo de futebol sem espectadores, que certos espectáculos dos espectadores! E é tempo dos dirigentes não serem, perante os atropelos às leis e aos regulamentos, meros espectadores. Não é para isso que os elegemos, e, hoje em dia, não é para isso que lhes pagamos!...
Outros espectáculos...
... foram os dados na minha infância e adolescência por Alves Barbosa e Charles Aznavour - um ciclista e um cantor.Um artista do pedal e um artista com uma voz inconfundível. Um, português, encheu as ruas e as estradas de Portugal e também percorreu as de França, entre aplausos; o outro, francês, de origem arménia, percorreu o mundo com a sua voz extraordinária, até há pouco tempo ainda aplaudida.
Ambos deram espectáctulos! Sempre com muitos espectadores. Agora a porta fechou-se. Mas, continuaremos a lembrar os espectáculos, mesmo sem os seus actores!...
Triste espectáculo...
... deu o Sporting ontem na Ucrânia, mas também outra coisa não era de esperar, desde a equipa ao equipamento!...
Já na segunda parte do jogo, uma falta marcada, ao contrário do que devia ser, contra o Sporting, provocou a José Peseiro uma interrogação bem visível e audível na transmissão televisiva: «Que é isto»? Exactamente o que eu perguntei quando vi anunciada a equipa do Sporting que iria jogar: que é isto? Jogar com a reserva num jogo da Liga Europa? Quando digo reservas não quero menosprezar os jogadores, mas simplesmente manifestar o meu desagrado por uma equipa sem a maior parte dos titulares, com as suas rotinas e entrosamentos, que me pareceu uma desvalorização do jogo em causa. E isto para não falar do próprio equipamento, que não é culpa do treinador, mas que nem parecia ser uma reserva nossa, mas emprestada por uma equipa local, não fora o emblema e o anúncio da NOS!...
José Peseiro disse uma coisa na antevisão do jogo e fez outra no jogo. Sempre acreditou na vitória! Pois eu também gostaria de ter assistido ao seu comentário aos 90 minutos, tal como gostaria de preencher o totobola à segunda - feira!