Deixem jogar sff

OPINIÃO24.05.201904:00

EM todo o processo formativo dos nossos jovens jogadores, para além dos conteúdos, conhecimento ou comportamento, é fundamental a relação que se estabelece entre o formando e o formador. Na verdade o treinador necessita de fomentar essa relação e o jovem jogador acreditar na mensagem do seu professor.

Quando estamos num jogo ou treino de escalões de formação, temos que entender o espaço em que nos encontramos. Claramente que é diferente de uma competição profissional, de um estádio com milhares de adeptos, ou até de um jogo de seniores num qualquer escalão distrital. A interferência dos pais durante os treinos e jogos é por norma bem mais negativa do que produtiva. As crianças e adolescentes estão muitas vezes concentradas na mensagem que vem da bancada, por razões óbvias de relacionamento familiar, colocando em causa o processo estabelecido pelo seu professor/treinador. Também se dá o processo contrário, não ligarem nenhuma aos seus familiares. Qualquer das situações não lhes dá nada de bom, bem pelo contrário, aumenta as dificuldades desse jovem no seu processo de aprendizagem e crescimento.

Existem, felizmente, já muitas instituições que estão a proceder a campanhas de sensibilização para que os espectadores, sejam pais ou não dos jogadores, não interfiram nos treinos ou jogos. Em alguns casos, os treinos dos mais jovens já são quase à porta fechada, como aliás acontece em qualquer aula de matemática ou português. As crianças têm que se divertir jogando futebol. Não podem estar sujeitas à pressão externa, com indicações contraditórias. Joga por dentro, por fora, passa a bola, etc, são indicações do treinador, nunca dos elementos exteriores.

As etapas de desenvolvimento do jovem jogador devem permitir a sua  evolução desportiva, social e educativa. Nada se consegue sem educação, apenas por imposição. O processo é de complexidade crescente, não podemos querer que aos 10 anos se proceda como aos 19. Por favor deixem as crianças jogar à bola.