De Portimão, com horror
Falta-nos civismo e respeito, valores que deveriam ser inegociáveis para todos
AS EXPULSÕES de Sérgio Conceição (a 18.ª!) e Paulo Sérgio (a 4.ª) e tudo o que as envolveu são mais um horrível capítulo do futebol português. Não há desculpa! Não há aqui o ‘coração perto da boca’ e o ‘igual a si próprio’. Os treinadores são exemplo para jogadores, outros técnicos e adeptos. As imagens correm mundo e são vistas por outros jogadores, treinadores e adeptos. É o produto nacional que está em causa. Falta-nos civismo e respeito, valores que deveriam ser inegociáveis para todos os agentes desportivos. As penas têm de ser pesadas. O que se passou em Portimão não pode voltar a acontecer.
A lei não escrita do futebol português diz-nos que os clubes existem para se servir a si próprios. O conceito de ‘bem maior’ não existe, e a falta de cultura desportiva não fica do lado de fora das direções e SAD. A Liga raramente dá a ideia de reunir consenso ou de ter algum tipo de força. Andou em muitos momentos a reboque federativo, já depois de servir uniões de circunstância que estabeleciam o seu rumo. Há muito que devia ter como paradigma que os defendem os seus próprios interesses não defendem os do produto, do qual todos se servem. E quando mais magro este for, menos engordam os que dele bebem. Os clubes não podem legislar sobre si próprios!
A própria FPF, que tenta dar uma ideia de modernidade assente nos resultados da Seleção (o seu produto) e na aposta no feminino, e que deixa que o VAR se torne, semana após semana, num Santo Graal cada vez mais oxidado, continua a escolher as guerras, evitando queimar a imagem (e a ambição?) internacional dos dirigentes. No fundo, também se tem alimentado a si própria. Entretanto, a justiça, além de branda, continua lenta de mais para quem quer ser maior. O sentimento de impunidade atravessa todo o nosso futebol.