De Paris a Madrid
1 Bem gostava de estar hoje , ao final do dia, em Paris. A última vez que estive na capital de França foi um dos momentos da minha vida. O Joaquim fazia anos. O Tomás presenteou-nos com um delicioso almoço. E toda a simpática comitiva, com as camisolas e os cachecóis de Portugal bem empunhados, sentia que se aproximavam os minutos para chegarmos ao Estádio que , sendo de França, foi no final da noite desse domingo o Estádio do nosso imenso e comum contentamento. Gostava mesmo de lá estar hoje. Para ver se continua a haver traças, se porventura também ficava atrás do banco de Portugal, se Cristiano Ronaldo voltava a ser um segundo treinador - a propósito duplos parabéns a Fernando Santos! - e se voltava a encontrar tantas e tantos emigrantes que me (nos) saudavam, nos abraçavam, nos beijavam. Sei bem que, agora, com a pandemia e o necessário distanciamento social tal não seria possível. Mas desejo voltar a Paris e dar uma volta a um Estádio onde o futebol português ao erguer o troféu de campeão da Europa mostrou ao mundo o talento dos nossos jogadores - e desde logo do capitão Cristiano Ronaldo -, a excelência da nossa equipa técnica e a imensa competência na nossa estrutura federativa. O que sei é que continuamos a ser, em razão do adiamento do Europeu, campeões da Europa em título. E o que também sei é que continuamos a ser uma seleção que motiva e atrai, que mobiliza e seduz e que, como se viu na passada quarta-feira em Alvalade, junta, com orgulho, avós e netos, mães e filhos, pais e filhas, amigas e amigos. E mesmo os bem poucos que lá estivemos não deixámos de entoar, com orgulho, o Hino Nacional, de aplaudir a seleção, de nos entusiasmarmos, principalmente na segunda parte, com os lances de golos protagonizados pelo Cristiano Ronaldo, pelo Renato Sanches e, mesmo no final, pelo João Félix e também, e por justiça, de reconhecer a imensa qualidade , e também o instinto, do Rui Patrício. Acredito que hoje, de novo, podemos vencer em Paris. E acredito que poderemos voltar a estar na fase final desta Liga das Nações, cuja primeira edição , pensada e organizada em português e no Norte de Portugal, também conquistámos com indiscutível mérito. Mas há quatro anos e três meses chorei de alegria no instante imediato a um apito que nunca mais ecoava num Estádio e que depois a alegria, mais o orgulho e autoestima, se propagou(aram) a milhões e milhões de corações de portuguesas e portugueses nos diferentes cantos do mundo. É a Paris, nestes tempos angustiantes de pandemia, que hoje regressamos com a esperança de uma nova vitória e com a certeza que muitos dos jogadores que hoje atuam escutarão de Cristiano Ronaldo e de Pepe, de João Moutinho e de Renato Sanches, de William Carvalho, Raphael Guerreiro ou Rafa os sons e os silêncios de há quaro anos, a solidariedade e a disponibilidade, a entrega e a empatia que nos levaram a um título histórico e que fica na história do nosso desporto e do nosso futebol. E cada vez que entramos na atrativa Cidade do Futebol olhamos para o troféu e não deixamos de dizer, em voz baixa: eu estive lá! Estive mesmo! E se Deus me permitir quero voltar a Paris e a este Estádio do nosso comum e intenso contentamento!
2 Mas se Paris, tão francesa mas com tantas e tantos portugueses, é uma cidade que também vai acolher os Jogos Olímpicos de 2024, Portugal e Espanha, e as suas legítimas e fortes Federações, vão lutar, em conjunto, pela organização do Mundial-2030. Sabemos bem que as competições desportivas serviam sempre como marco das rivalidades entre Estados e Nações e as vitórias que se alcançam permitiam confortar e reforçar o prestígio do Estado-vencedor. Com a globalização, e com a influência das televisões, a importância da conquista cresceu e o desporto, e as conquistas, passou a ser um elemento de poder, aquilo que designa como soft power. E o desporto levou a que os hinos e as bandeiras nacionais tivessem uma expressão impressionante! Acredito que depois do Catar ( 2022) e do Mundial de 2026 (EUA, Canadá e México) a organização do Mundial pode regressar à Europa. E, assim, Lisboa poderia receber o jogo de abertura e Madrid a final. Mas acredito que a nossa Federação tudo fará, com planeamento e excelência, para que em 2024… consigamos conquistar, com Espanha, a organização conjunta do Mundial-2030. Seria uma alegria imensa para meu Filho e meus queridos netos. Eu, que tenho o privilégio de ter vivido e sentido, ao vivo e com múltiplas cores, tantos Mundiais e Europeus!
3 Arrancou na passada sexta-feira na Sertã a segunda eliminatória da edição desta época da Taça de Portugal. O Estoril venceu categoricamente. E ontem disputaram-se, com alguns prolongamentos, mais sete partidas. Hoje, em diferentes localidades de Portugal, temos esta competição que se designa, e bem, como a prova rainha do nosso futebol. A Académica vai a Évora defrontar o Juventude. O Casa Pia a Vila Real. O Camacha a Alverca. O Vizela a Câmara de Lobos . O Fafe a Pero Pinheiro. O Canelas a São João da Madeira. O Gondomar a Loures. E o Barreirense a Monção, entre tantos e tantos confrontos onde já entram os clubes/ SAD´s da segunda liga profissional. E em razão de testes positivos ao Covid-19 foram adiados os jogos do Salgueiros (com o Pedras Rubras) e do Vitória de Setúbal (com o Académico de Viseu). Aí está , e ainda com muitos clubes dos diferentes campeonatos distritais, mais uma edição da prova que , sendo rainha, representa e é expressão do futebol de todos. Deste futebol que está a sofrer, e muito, e por excelência o de formação, com as limitações e as sérias restrições que a pandemia desencadeou. E as dores de milhares que não podem competir crescem … tal como, infelizmente, os números, que alarmam, dos infetados e internados. Com a consciência que vai haver novos cartões amarelos - ou até vermelhos - para o nosso dia a dia. Depois de 15 de outubro… preparem -se!
4 Neste tempo de seleções , e antes do primeiro clássico do nosso futebol no próximo sábado em Alvalade - e com a nota que nas próxima jornadas o Benfica de Jorge Jesus joga sempre depois do Futebol Clube do Porto de Sérgio Conceição… em razão da participação do Benfica na Liga Europa e, logo, de jogar sempre à quinta-feira! -, permitam-me uma referência a João Almeida , o ciclista português que lidera a Volta a Itália e, assim, enverga a mítica camisola rosa, símbolo do líder de uma das competições emblemáticas do ciclismo mundial. Vamos começando a conhecer um jovem que após a oitava etapa de ontem é um orgulho para a sua Família, para as suas origens do nosso Oeste e, acima de tudo, evidencia que o trabalho e o talento , quando se compatibilizam, se afirmam e se assumem. Em qualquer lugar, em diferentes modalidades e em especificas situações. Como esta de um jovem que cedo emigrou e se dedicou, por completo, ao ciclismo. Parabéns João Almeida. E muitas felicidades! Se possível… habituando-se… mais dias… a essa camisola rosa.
5 Como vimos com o final do período de transferências, o que a pandemia trouxe, a par das restrições e limitações financeiras à generalidade dos clubes, foi a multiplicação dos empréstimos. Uns com opções de compra e com valor fixado mas muitos sem opções de compra. Percebemos que, também no futebol, o tempo é de esperar para ver. Ou seja perante o quadro de incerteza olhar, e esperar, que em 2021 haja sinais de alguma … relativa certeza. Diria, em rigor, de uma desejada diminuição da incerteza. Seja em Viseu ou na Ericeira. Em Lisboa ou na Meda. Em Paris ou em Madrid!