De Jonas a Marega

OPINIÃO05.08.201804:00

DOIS dos três melhores marcadores do último campeonato estão à beira de deixar o futebol português. Falo, claro, de Jonas e Marega - embora apenas o primeiro tenha já garantida possa já fazer as malas para rumar a outras paragens. As semelhanças entre os dois casos ficam-se, contudo, pelo facto de ambos terem marcado muitos golos em 2017/2018 e de ambos quererem ganhar mais dinheiro. Porque em tudo o resto os casos dos dois avançados têm diferenças bem fáceis de perceber.

O avançado brasileiro do Benfica decidiu-se, enfim, a gozar a reforma dourada que há muito o chamava, rumando à Arábia Saudita, onde a pouca expressão futebolística é compensada pela enorme expressão que têm 5,2 milhões de euros, esteja-se ou não a pouco tempo de colocar ponto final na carreira. Nada contra a decisão de Jonas, atenção. Resistiu enquanto deu para resistir. E a verdade é que um trajeto como o dele, em especial no Benfica, merece um fim muito mais digno do que arrastar-se nos relvados portugueses durante mais tempo do que as costas permitiriam. Vai deixar saudades, claro. E será muito difícil de substituir, porque haverá até quem diga (e eu sou um deles) que mais vale Jonas com 34 anos e uma lombalgia do que alguns de 20 sem qualquer limitação física a não ser o pouco jeito para a bola. Mas preferiu sair da Luz pela porta grande, enquanto é recordado pelos (muitos) golos que marcou do que por andar com as mãos no fundo das costas. Fez bem, julgo. Por muito que custe.

Bem distinto é o caso de Marega. Depois de uma época brutal (muito acima, talvez, do que até o mais otimista dos adeptos azuis e brancos esperaria), o avançado que Sérgio Conceição recuperou parece ter decidido mostrar que ser agradecido não faz parte das suas características: quer ir para o West Ham, nem que para isso tenha de abrir uma guerra com um treinador a quem deveria dizer mil vezes obrigado. Mas há - não, Marega não é caso único - muitos casos assim, em que jogadores mais ou menos talentosos não conseguem resistir à tentação de ir ganhar mais um milhão. Estão no seu direito, embora fique mal fazerem-no a todo o custo. Dito isto, acrescento que se mandasse no FC Porto não hesitava em vendê-lo por €30 milhões. Até, talvez, por menos. Porque há futebolistas que às vezes dão mais do que aquilo que efetivamente valem. Há, também, muitos casos assim ao longo do tempo - não, também neste aspeto Marega não é o único.

BRUNO DE CARVALHO, que além de ter entrado na história do Sporting como o primeiro presidente a ser destituído ficou também para os anais do clube de Alvalade como o presidente que mais sócios expulsou, recebeu uma benesse dos homens que tanto crítica e foi, apenas, suspenso por um ano. Um ato de bondade da Comissão de Fiscalização que lhe permitirá concorrer às próximas eleições desde que se realizem depois de julho de 2019. Veremos se não haverá quem, daqui a uns tempos, não se arrepende de não ter aplicado a Bruno de Carvalho o castigo que ele não se coibiu de aplicar a outros, em especial aos que lhe faziam sombra. E em quase todos os casos por muito menos do que estava, agora, acusado.

O FC Porto conquistou ontem, de forma justíssima, o primeiro troféu de 2018/2019. Está de parabéns, mais uma vez, Sérgio Conceição e os jogadores. Ontem fiquei também a saber que o departamento de comunicação do FC Porto decidiu, à semelhança do que já fizera o Benfica, criar uma conta de Twitter destinada à Comunicação Social - é apenas uma forma simpática de dizer que é uma conta destinada a dizer mal de tudo e todos. Faz sentido. Nesta luta para fazer do futebol português um lugar mais saudável ninguém quer ficar atrás...