De Braga para os distritais
Tocado a solo, um violino é delicioso. Mas ao lado de dois bombos torna-se silencioso. Eis o que a arbitragem de Carlos Xistra e o péssimo trabalho do VAR conseguiram: incendiar ainda mais o ambiente após um Benfica-FC Porto de bom futebol (ainda que continue a considerar o FC Porto-SC Braga, para a Liga, o melhor jogo esta época em Portugal).
Foi o Benfica o mais prejudicado? Foi. Do mesmo se pode queixar o FC Porto em 2017/2018: dos grandes, aquele que mais razões de queixa teve das arbitragens. Já nesta época, é, dos três grandes, o mais beneficiado. O que justifica esta mudança? Só os árbitros (os mesmos do ano passado) o podem explicar, mas mantenho a convicção de que o condicionalismo psicológico continua a ter um papel fundamental na hora de tomar uma decisão. Comparativamente a Espanha (2018) e Itália (2017), Portugal teve menos problemas com o VAR no seu primeiro ano de implementação (2017), mas está a ter mais que os italianos no segundo. Merece reflexão.
Também deve ser objeto de reflexão o facto de um Benfica-FC Porto para as meias-finais de uma competição oficial não conseguir encher um estádio de 30 mil lugares, tal como o jogo da segunda meia-final entre a equipa local, o SC Braga, e o Sporting. Pedro Proença continua a dizer que a final four da Taça da Liga é um sucesso e que as fan zones têm estado cheias, mas não será por acaso que as competições profissionais estão a perder espectadores e, em oposição, vemos estádios quase cheios em divisões inferiores onde os relvados são maus, as bancadas desconfortáveis e o jogo é sofrível. Mas ali respira-se futebol no seu estado mais puro e no final as caves da sociedade não fazem brotar queixas dos árbitros e do adversário nas redes sociais. O ódio fica à porta.