Crise desportiva chama crise financeira
O que pode ainda ser feito por Jorge Jesus para inverter o plano inclinado onde caiu e que atira a sua equipa para o abismo?
APÓS 20 jornadas da Liga, o Benfica segue em quarto lugar com menos 15 pontos que o líder Sporting. Ou seja, o título nacional já nem miragem é. Mas há mais: o apuramento direto para a Champions, através da segunda posição, está muitíssimo periclitante e nem mesmo o terceiro lugar, que dá acesso à terceira pré-eliminatória da liga milionária, pode merecer, dos benfiquistas, um olhar otimista. A época financeira de 2020/2021 começou mal, com a saída precoce da Liga dos Campeões, e a época desportiva, de tão desastrada, pode comprometer o orçamento de 2021/2022. O Benfica joga muito pouco (e em Faro não houve falta de aplicação!) e há, pelo menos, três problemas que impedem vitórias e potenciam a falta de confiança:
1) A falta de eficácia é atroz e os números não mentem. Ontem o Benfica fez 14 remates à baliza de Defendi e apenas três foram enquadrados. Longe vão os tempos em que Jimmy Hagan dizia aos seus jogadores, sempre que um remate saía torto: «Senhor, Eusébio nunca marcou golos acima da barra, sempre abaixo.» Darwin Núñez é o expoente máximo da falta de confiança - três remates, todos para fora - e Rafa perdeu o instinto goleador de outras épocas. E o matador Pizzi, chave-mestra que abria defesas, anda perdido em combate, entre o banco de suplentes e alguns minutos em campo;
2) A falta de lucidez é outro problema que impede a evolução desta equipa do Benfica. E isso nota-se sobretudo quando não há, em campo, nem Weigl nem Pizzi, com o jogo coletivo a navegar ao sabor da corrente de Taarabt, que umas vezes está para norte e outras para sul. Se a isto se juntar a complicação do futebol de Everton, salvam-se alguns passes longos de Gabriel e pouco mais;
3) A falta de largura da frente atacante é um mal que parece não ter fim. Rafa procura o jogo interior, Everton faz o mesmo, Taarabt só vê o meio, e é quem deve estar na zona de finalização, essencialmente Darwin, a procurar as alas onde é, diga-se, ineficaz. Para agravar o problema, salvo raríssimas exceções (Nuno Tavares), os jogadores do Benfica desaprenderam de cruzar e dificilmente uma bola que seja chega em condições de ser enviada para a baliza adversária. Além disso, a execução das bolas paradas, algo que era a menina dos olhos de Jesus, anda pelas ruas da amargura...
Rúben Amorim
A uma semana de visitar o Dragão, o Sporting não tremeu e mesmo em noite de intempérie manteve padrões de jogo e de aplicação que lhe permitiram uma vitória justa sobre o Portimonense. Numa equipa que vale mais do que a soma do valor de cada um dos seus jogadores, a estrela é Rúben.
Jorge Jesus
A situação do Benfica na tabela classificativa começa a ser embaraçosa para o treinador dos encarnados. O regresso de Jorge Jesus ao clube onde foi campeão três vezes - um risco para quem o contratou - pode transformar-se num flop épico, de graves consequências, não só desportivas mas também financeiras.
José Mourinho
Não anda fácil a vida do Special One no Tottenham, ontem derrotado pelo West Ham, e com um lugar no top four cada vez mais improvável. Vencer a Taça da Liga e sonhar com a Champions através da Liga Europa parecem ser os objetivos possíveis numa temporada dos Spurs que tem ido de mais a menos.