Contra a Juve, o primeiro ‘match point’
O jogo de amanhã com a Juventus, na Luz, é o mais importante da época encarnada porque pode definir o sucesso numa meta ambiciosa
O Benfica tem, amanhã, frente à Juventus, na Luz, novo desafio, que pode ser decisivo quanto ao apuramento para a fase a eliminar da Liga dos Campeões, numa época marcada por uma tremenda intensidade competitiva, a que os encarnados têm dado excelente resposta. Poder-se-á pensar, de forma ligeira e apressada, que depois de ter vencido em Turim o empate que qualifica o Benfica em Lisboa está garantido. Nada disso. Em primeiro lugar, a este nível não há dois jogos iguais, e depois existe uma regra não escrita no futebol que estipula que quanto mais se avança nas competições e nos aproximamos das decisões, maior a pressão e mais complexas as dificuldades, que moram sobretudo na cabeça dos jogadores.
Roger Schmidt, há que reconhecê-lo, tem sido uma caixinha de surpresas, a maior parte positivas. Senão, vejamos: iniciou a época com um onze base na cabeça, e de então até agora manteve fidelidade absoluta à sua primeira ideia; e de tal forma tem sido que foi preciso esperar até ao jogo com o Rio Ave, da oitava jornada, para vê-o tirar da gaveta uma rotatividade que já se justificava; mas também foi capaz de, num jogo contra uma equipa do terceiro escalão, o Caldas, sacrificar com 120 minutos nas pernas dois dos seus jogadores mais influentes, João Mário e Enzo Fernández; e poucos dias depois, por pressão dos cartões amarelos, não teve dúvidas em deixá-los no balneário ao intervalo, no clássico do Dragão.
Qual é, então, o fio condutor deste modus operandi? Pelo que tem sido possível ver, Roger Schmidt faz aquilo que lhe parece mais adequado a cada momento, sem grandes especulações metafísicas sobre a influência cósmica no rendimento dos jogadores. Ou seja - e nisso assemelha-se a Sven-Goran Eriksson - simplifica bastante e realiza boas sínteses, mostrando-se alheio ao mundo que o rodeia e que, na maior parte dos casos, até desconhece.
Amanhã, na Luz, no primeiro match point do acesso aos oitavos de final da Champions, Schmidt será igual a ele mesmo, apresentando uma equipa armada em 4x2x3x1, onde a única dúvida deverá residir entre Neres e Aursnes.
Em termos de Liga, à décima jornada ninguém é campeão, e na Champions cada jogo representa um desafio hercúleo. Schmidt tem lidado bem com esta relatividade.
ÁS – ROGER SCHMIDT
Fica no currículo com uma vitória no Dragão pelo Benfica, numa noite em que foi decisivo no triunfo encarnado. Não terá sido fácil a decisão de tirar, ao intervalo, João Mário e Enzo Fernández, mas a verdade é que, nesse momento, terá vencido o jogo. Schmidt ainda não ganhou nada na casa encarnada, mas parece bem lançado...
DUQUE – CRISTIANO RONALDO
Farto de Turim, foi à procura de um porto seguro em Old Trafford, mas o sonho do regresso do filho pródigo virou pesadelo por culpas alheias, de um treinador que não acredita nele, e culpas próprias, de um ego que o leva a fazer coisas dificilmente desculpáveis. Quanto jogos vai fazer CR7 até à estreia no Mundial?
DUQUE – SÉRGIO CONCEIÇÃO
Vinte vezes expulso nas competições nacionais e nenhuma vez mandado mais cedo embora nas provas da UEFA? Por cá, Conceição sabe que as sanções são meiguinhas e não tem problemas em azucrinar os árbitros. Lá fora é diferente (remember City) e mais vale meter a viola no saco. Dois pesos, duas medidas...