Cabeça fria! Coração quente!

OPINIÃO09.01.202103:00

Abel Ferreira está a fazer esquecer o grande sucesso de Jorge Jesus, no Brasil? Não creio. Julgo que o jovem treinador português do Palmeiras (42 anos) está, isso sim, a somar o sucesso do treinador português, no Brasil. Nada nem ninguém retira o extraordinário currículo brasileiro do atual treinador do Benfica. Fica na História da grande nação Flamenga. Por isso, o que Abel Ferreira está a conseguir, além da consolidação do seu prestígio internacional, é levar os brasileiros a acreditar que, neste pequeno país que, corajoso e empreendedor, descobriu as Terras de Vera Cruz, Jesus não é, só, um caso esporádico e excecional no patamar maior dos treinadores mundiais. Portugal tem, mesmo, uma competente estrutura de formação dos seus treinadores e Abel Ferreira, um treinador que ainda não tem dez anos de profissão, está a provar isso com desempenho admirável.
Ouvir e ver o discurso motivador de Abel aos seus jogadores é assistir a um momento especial de qualidade e eficácia na liderança. «CABEÇA FRIA! CORAÇÃO QUENTE!» Bastaria esta frase para definir o treinador. Um discurso direto, incisivo, firme, fácil de entender, mobilizador e providencialmente curto, que é sempre algo que os jogadores apreciam em tempo de stress competitivo.
É muito provável que Abel leve o Palmeiras ao mítico Maracanã, para jogar a final da Libertadores. Ganhar o troféu que Jorge Jesus conquistou na época passada seria o melhor que poderia acontecer ao prestígio do futebol português no país do futebol.  

UM novo confinamento espreita, apenas, o anúncio oficial do governo. Percebeu-se isso no prólogo do discurso que o primeiro-ministro já iniciou e que completará no início da próxima semana. Ninguém deverá surpreender-se. A desproporcionada abertura na quadra natalícia, anunciava o pagamento de um pesado imposto. Ele aí está. Os números são cada vez mais avassaladores e a pressão sobre os hospitais públicos está a tornar-se insustentável, não apenas no que respeita a instalações e meios técnicos, mas, sobretudo, no que respeita à exaustão de médicos, enfermeiros, auxiliares técnicos.  
Como irá, o governo, tratar o desporto nas novas medidas contra a pandemia? Esta, uma questão que legitimamente preocupará os agentes desportivos, em Portugal, até porque, até agora, a insensibilidade do poder político, no que respeita ao setor desportivo, tem sido de pedra. Sabe-se que há a intenção de manter as escolas abertas. E os espetáculos do desporto profissional? Fecharão os estádios e os pavilhões, ou serão admitidas condições particulares que permitam, em segurança, a continuidade das competições?
Não se trata, apenas, de uma vantagem exclusiva para os clubes e para os seus profissionais, mas de uma medida que aproximaria o cidadão comum de um cenário de poder ter, nesta difícil fase da vida, o que poderia ser entendido como uma ainda possível (apesar de pouca) normalidade.
Dirão alguns que seria o regresso aos tempos de pão e circo para o povo. A tragédia global do Covid-19 não deixa espaço para mais.    

OBenfica ainda não se trata, mas já contrata. Rodrigo Pinho, Lucas Veríssimo, talvez William. A preocupação em equilibrar um plantel desequilibrado na sua estrutura e na qualidade dos seus jogadores é óbvia. Daí, a confirmação da culpa de quem tão caro escolheu para tão pouco proveito ter. Mais do que na escolha do treinador, é na escolha  do plantel que mora o sucesso e o insucesso.