Bruno, o melhor
Dizer que Bruno Fernandes é jogador de campo inteiro que joga e faz jogar, que cria ocasiões de golo e marca golos ou que põe jogos (e destinos) de pernas para o ar - já me parece pouco. Dizer que é jogador de fulgor quente que trabalha como um operário quando a sua equipa perde a bola, que se lança ao jogo como um fanático para a recuperar e que, quando a tem no pé (sem nunca deixar de a ter na cabeça) é capaz até de fazer uma flor a nascer de um precipício - ainda não me parece tudo.
Parece-me pouco e não me parece tudo porque Bruno Fernandes é isso e muito mais: é um jogador de talento sublimado e de olhar para além do beco sem saída - capaz de, assim, romper um jogo que se arraste numa rotina frouxa com a inspiração a soltar-se-lhe num ímpeto à velocidade do raio.
É um jogador de pé certeiro que usa a destreza que dá ao seu jogo (e ao jogo da sua equipa) o melhor critério e o melhor movimento - para com isso esfarrapar adversários (e marcações) através da arte do seu engano, fazendo aquilo que ele percebe que tem de fazer antes de outros perceberem o que ele vai fazer.
É um jogador de cabeça sempre alerta na ponta das botas - capaz de ter em cada chuteira GPS que o leva ao melhor caminho para o golo sem se distrair com alçapões ou sem se enganar com atalhos.
É um jogador de coração atrevido a que nunca falta o truque surpreendente e o rasgo audaz, a entrega intimidante e a impiedade malandra - para com isso fazer de cada pedaço de relva conspiração contra a vulgaridade ou a tacanhice.
É um jogador de ambição rapinante a que nunca falta a vontade heroica de jogar o jogo como se tivesse no corpo a enlear-se-lhe uma serra elétrica capaz de cortar em dois o adversário que o marca ou a equipa que o tenta enrodilhar.
E é por tudo isso que Bruno Fernandes já é jogador grande de mais para o campeonato português - e não fora ele ser o que já é (e como) o Sporting seria hoje uma equipa pequena de mais para a grande história que o Sporting tem.