Bico de obra Uruguai 

Mundial tão… complexo! Com frequente fraca qualidade técnica. Mas superlativo nas emocionantes aflições de todos os grandes candidatos ao título! Da Alemanha à Argentina, passando por Espanha, Brasil e França, absolutamente todos aflitíssimos para ultrapassarem a fase de grupos!

Um atingiu mesmo a agonia do KO! Nada menos que a Alemanha, campeã mundial! Vergada a confrangedor vexame: último lugar perante México (0-1!), Suécia (2-1, graças a fabuloso livre de Kroos ao minuto 90+5…) e Coreia do Sul (inenarrável 0-2!!!).
Argentina, com inúmeros craques à volta de Messi: após 1-1 frente à Islândia (!!!) e de ser goleada pela Croácia (0-3!!!!!), ainda nem sabe como escapou de hecatombe; no 2-1 à Nigéria, puro milagre: golo aos 86’ e de… Rojo, defesa esquerdino num remate com o pé direito! (Maradona, admirável futebolista pelo qual tenho consideração zero enquanto pessoa, festejou com a chocante ordinarice que lhe é corriqueira).
Brasil, para mim, favorito n.º 1: 1-1 com Suíça (!), que tão bem conhecemos…; 2-0 à Costa Rica, mas com tremendo susto de golos apenas aos 90’ e 90+7’…    

França: estupendos jogadores que, tal como no Europeu da nossa glória, estão engasgados enquanto equipa! Entrou com 2-1 à modesta Austrália… - agradecendo ao VAR ter indicado penálti. Seguiu com 1-0 ao Peru. Concluiu esta fase com 0-0 perante Dinamarca.
Espanha, para muitos, a principal candidata: 3-3 com Portugal, na sua melhor exibição, quiçá no melhor jogo do Mundial até agora…; 1-0 ao Irão (que sorte no golo!; ressalto, bola batendo no corpo de Diego Costa, o qual nem se mexeu, e daí, mudando trajetória, direitinha à baliza…); 2-2 face a Marrocos (precioso empate arrancado aos 90+1’…).

Seleção convincente, procura-se.

PORTUGAL, campeão europeu, também aos soluços. Para 3-3 com Espanha, valeu-lhe goleador Ronaldo - o que não é proibido. Foi muito feliz no sofrimento de aguentar 1-0 a Marrocos. Foi mesmo infeliz no penálti (erro de arbitragem) que deu 1-1 ao Irão, ao minuto 90+3! Sem isso, Portugal superaria Espanha na frente do grupo…

É aqui que devo falar de Carlos Queiroz. Muito admiro o seu trabalho, absolutamente crucial, nas bases e rampa de lançamento da formação de futebolistas lusitanos (bicampeão mundial em sub-19!; e foi ainda mais importante do que isso na projeção do futuro do nosso futebol!). Excelente treinador na Seleção da África do Sul; e, com vinco ainda superior, nos últimos 6/7 anos, liderando Irão. Chocantemente ridículo acusarem-no de não ser patriótico quando defronta Portugal!

Há outra faceta de Carlos Queiroz: «Sou mau perdedor.» Sempre foi - e, desta vez, abusou! A pressão sobre arbitragens, antes e depois de tanto delas se queixar, passou limites. O seu tão insistente/veemente discurso sobre pseudoagressão cometida por Ronaldo só para iranianos cola! Para mais ninguém, por esse mundo fora, FIFA incluída. Mas, sim, acabou por dar-lhe bom resultado! No tal pseudopenálti aos 90+3’ (a bola resvalou de cabeça iraniana para braço de Cédric, que até estava de costas - e, logo no dia seguinte, em 2 jogos, lances iguaizinhos, muito naturalmente, não foram punidos), o árbitro, quando foi ver imagens, estava pressionadíssimo…: assinalara, e bem, penálti sobre Ronaldo (este falhou 2-0!); mais tarde, punira Ronaldo apenas com amarelo - de novo bem; à 3.ª, decidindo-se por penálti de Cédric, pura e simplesmente cedeu… - e desse erro Queiroz se fez esquecido.

URUGUAI no nosso 1.º mata-mata. Bico de obra! Mais, creio, do que seria a Rússia, mesmo em Moscovo (aplicou-lhe 3-0!). Filosofia de jogo muito idêntica à de Portugal: o 4-4-2 privilegia segurança defensiva (nem 1 golo sofrido até agora), tendo dupla de centrais candidata a melhor do Mundial (Giménez-Godín, dupla do Atlético de Madrid). E, quanto a mim, é do Uruguai a mais poderosa dupla de pontas de lança: nada menos do que Cavani (PSG)-Suárez (Barcelona). Uau!  

Insuperável? Não, se a nossa equipa surgir muito melhor do que tem sido. Desde logo, no seu coração: meio-campo. Gostaria de lá ver Bruno Fernandes: imaginação criadora, poder de remate fora da grande área (Portugal tem rematado muito pouco; não pode esperar tanto por Ronaldo…). Mas não sei como está a condição física de Bruno (terminou época nacional exausto) e reconheço não ser fácil encaixá-lo fora da zona central, sendo aí onde melhor rende.