Benfica entre provisórios e definitivos

OPINIÃO07.01.201903:00

RUI VITÓRIA acabou por não resistir à onda negativa em que mergulhara e viu, ao fim de três anos e meio, chegar ao fim o seu consulado no Benfica, um registo que o coloca em quarto lugar no ranking dos treinadores mais duradouros dos encarnados, atrás de Biri, Jesus e Otto. Encerrado este ciclo, o Benfica fez saber, em comunicado, que Bruno Lage assumia interinamente o comando da equipa, deixando no ar a expectativa quanto ao nome do senhor que se segue no banco da Luz. Quando faltam 18 jornadas para o fim do campeonato, estando ainda o Benfica vivo nas Taças da Liga e de Portugal e na Liga Europa, não fará sentido  que o clube não procure uma solução com mais profundidade, embora as limitações do mercado - os técnicos mais interessantes ou são muito caros ou estão no ativo - possam condicionar a decisão. Mas perante o que se avizinha, numa segunda volta com viagens a Alvalade, ao Dragão, a Braga, a Guimarães e a Vila do Conde (UFF!!!), não será prudente apostar num treinador provisório, mesmo que passe a definitivo, porque este, a construir estatuto, será sempre mais vulnerável do que alguém que já brilhe com luz própria (é olhar para Solari, no Real).


Dito isto, há que louvar Bruno Lage, que enfrentou o jogo de ontem com a coragem de romper com o 4x3x3 de Vitória e com bons resultados ofensivos. Sejamos absolutamente claros quanto a uma coisa: em abstrato, o 4x4x2 não é melhor ou pior do que o 4x3x3 ou outro sistema qualquer. O que importa é a dinâmica aplicada a cada um dos modelos e as características dos intérpretes. Para este plantel do Benfica (que há duas semanas, a jogar em 4x3x3, deu 6-2 ao SC Braga!), sempre me pareceu mais acertado apostar em dois avançados - e ontem até deu para chamar Ferreyra do degredo - o que implica algum trabalho que manifestamente ainda está por fazer. Ontem, o Benfica revelou uma debilidade defensiva muito acentuada, especialmente na zona do meio-campo, onde os jogadores do Rio Ave tiveram tempo e espaço para criar jogadas de muito perigo. Após um jogo que podia ter corrido muito mal e acabou por correr bem, será de bom tom que Luís Filipe Vieira apresente uma solução estável para o Benfica, um técnico que não olhe para o jogo que se segue como se fosse o último. E é isso que acontece com qualquer treinador interino, aqui e em todas as partes do mundo.