Até Brad se fartou de Angelina
HÁ quem diga que ganhar de forma consecutiva pode cansar. É capaz de ser verdade. Brad Pitt, por exemplo, fartou-se de Angelina Jolie. E já antes se fartara de Jennifer Aniston. É difícil explicar a razão pela qual há quem se farte de estar bem. Vejamos o Benfica de 1971/72 e 1972/73. Não é fácil encontrar outro plantel português de tamanha qualidade: Eusébio, Simões, Artur Jorge, Vítor Baptista, Nené, Jordão, Jaime Graça, Toni, Humberto Coelho, Vítor Martins, Artur Correia, Messias, Rui Rodrigues, José Henrique, Bento ou Shéu.
MAS até esta enorme constelação se cansou de ganhar. Ou descuidou-se. Entre 27 de março de 1972 e 30 de março de 1973 não perdeu qualquer jogo na Liga. Aliás, nem sequer empatou algum: 29 jogos, 29 vitórias. Mas a 1 de abril de 1973 empatou com o FC Porto, nas Antas: 2-2. Estava a ganhar por 2-1 a quatro minutos do fim, mas o brasileiro Flávio empatou aos 86. Rezam as crónicas da altura que os 14 pontos de avanço sobre o segundo classificado (Belenenses) e os 19 de vantagem sobre o FC Porto (4.º classificado) amoleceram o killer instinct dos homens treinados pelo serial killer Jimmy Hagan. Talvez o FC Porto de Fernando Riera seja a Jennifer Aniston do Benfica 1972/73. Depois, amolecidos pelo mais desequilibrado campeonato de sempre, os encarnados ainda empataram, na 29.ª jornada, em casa do Atlético. A Angelina Jolie de Jimmy Hagan. O Benfica terminou o campeonato 1972/73 com 18 pontos de vantagem sobre o Belenenses. Na época seguinte, mais ou menos com o mesmo plantel, perdeu o campeonato para o Sporting e, de novo, adiou o primeiro tetracampeonato da sua história.
O FC Porto de Sérgio Conceição, depois de colapsar na Luz a 7 de outubro, recuperou o killer instinct do dragão do serial killer Artur Jorge de 1984/85 e desatou a ganhar jogos de rajada: 17 em todas as provas. Este FC Porto, dormindo com Angelina Jolie, Jennifer Aniston ou com as mulheres menos desejadas do mundo, parece não querer tornar-se numa espécie de Brad Pitt. Não se farta de estar bem: quer sempre ganhar. E a seguir ganhar. E de novo ganhar. Mais ou menos como nas palestras pré-jogo: ganhar! ganhar! ganhar! Se bater amanhã o Nacional iguala o recorde do Benfica 2010/11: 18 triunfos seguidos em todas as provas numa mesma época. Depois poderá pensar no recorde absoluto de 21 vitórias seguidas , que pertence ao FC Porto de 2009/10 e 2010/11. Terá de bater ainda Sporting, Leixões, Chaves e Benfica. Mais complicado, claro, é o recorde do serial killer Benfica de 1971/72 e 1972/73. Para o bater terá de ganhar todos os jogos que faltam da Liga 2018/19 e ainda mais três de 2019/20. É muito complicado. Até porque, como sabemos, até Brad Pitt se fartou de Angelina Jolie. E Jennifer Aniston.