As referências que faltam na Luz
Bons exemplos vêm de quem tem liderança e é farol em momentos de apagão
TANTO se disse que o Benfica tinha um plantel de extraordinária qualidade quanto agora, já com Jesus riscado da equação, se acha que não é bem assim. Quem me lê sabe que defendo há muito que o treinador fazia sim parte do problema e, ao mesmo tempo, que o grupo é desequilibrado e sem verdadeiras referências, mesmo após investimento de 130 milhões em duas temporadas. Obrigados a abdicar do projeto Rúben Dias no pós-PAOK, os encarnados não conseguem acrescentar outros Weigls ao grupo, depois de o alemão ter chegado ainda na era Lage, provavelmente como âncora para nova dimensão coletiva e desportiva. Apesar de fazer sentido, a ideia não vinga, por culpa do desinvestimento sucessivo que leva clube e balneário a criar as referências erradas.
Os bons exemplos podem sê-lo apenas pela entrega, é verdade, porém os mais eficazes vêm daqueles que possuem capacidade de liderança e são faróis em momentos de apagão. O mundo já não tem muitos homens da índole de el negro jefe Obdulio Varela, contudo esse será, para sempre, o molde do qual os melhores são feitos. Líderes pela personalidade, pela voz, pela serenidade, pelo talento, por aparecerem sempre que a equipa deles necessita. É isso que falta na Luz, usem ou não a braçadeira, mesmo que ultimamente se pareça acreditar em falsos ídolos como Otamenti e Grimaldo, que, ao aparecerem por vezes bem na fotografia, fazem com que se desvalorizem os erros, ainda que nem todos visíveis a olho nu. Se o espanhol não parece ser grande solução para a estabilização defensiva, o argentino tem acumulado, desde que chegou, exemplos de deficiência na construção - cada vez mais visíveis desde a lesão de Lucas Veríssimo -, excesso de agressividade, e posicionamentos corporais incorretos e falhas no controlo da profundidade.