As instituições em particular

OPINIÃO06.10.201804:23

A reação das instituições ligadas a Cristiano Ronaldo neste caso em que é acusado de violação, nos EUA, por Kathryn Mayorga, ajudam a entender a debilidade que as afeta nestes casos pessoais. Repare-se: a FPF, onde Ronaldo anda desde criança, expressou por Fernando Gomes «solidariedade com o jogador», acrescentando, bem, o presidente do organismo que defende a presunção de inocência de Ronaldo e, já numa observação mais chegada, que o conhece «há muito, sendo testemunha do bom caráter».

Já a Juventus - onde Ronaldo anda há três meses  - protegeu o jogador pelo «profissionalismo e seriedade demonstrados». Noutro estilo, a Nike, patrocinador, mais distante de Ronaldo (porque lhe paga pela imagem e não pela produção em campo), contudo mais próxima do meio onde o assunto formiga, disse estar «extremamente preocupada».

São respostas unidas pela franqueza, não duvido, mas também pela fraqueza, pois, repito, sublinham o quão melindroso pode tornar-se o jogo institucional nestes casos. Não sair em defesa de Ronaldo seria sinal de desconfiança que o atleta, reclamando inocência, desaprovaria. Porém, admitir a tal extrema preocupação pode parecer abandono. Ou seja, ficar calado não ajudaria, no entanto dizer que se é «testemunha do bom caráter», como a FPF, ou que «Ronaldo demonstrou profissionalismo e seriedade», como a Juventus, também não desanuvia o acontecimento e soa, sempre, a discurso protocolar, mesmo se escrito com as tais notas personalizadas.

Mais ainda, dizer que se está «profundamente preocupado», como a Nike, é aceitar uma incerteza sobre o futuro relacionamento entre marca e atleta, mesmo que se considere só o efeito comercial e não o jurídico. Não é, pois, simples ser instituição quando o problema é tão particular, notadamente quando o particular transcende as instituições.