Algumas ideias sobre o leão de Rúben...

OPINIÃO25.01.202114:20

É na organização defensiva que Rúben Amorim sustenta a ideia de futebol ganhador com que está a impor-se no futebol português

O Sporting, que lidera a Liga com quatro pontos de vantagem sobre FC Porto e Benfica, conquistou em Leiria, frente ao SC Braga, a terceira Taça da Liga do seu historial (com Rúben Amorim a suceder a Jorge Jesus e Marcel Keizer), chancelando, com aquele caneco tantas vezes mal-amado, o estatuto, merecido, de Campeão de Inverno.  
Embora seja verdade que é virtualmente impossível encontrar respostas demasiado simples para questões demasiado complexas, da observação das qualidades e defeitos da equipa leonina resulta a convicção fortíssima de que o principal trunfo dos leões, aquele que realmente tem feito a diferença para a concorrência mais direta, é a qualidade do trabalho defensivo. Nos 14 jogos da Liga já disputados, o Sporting sofreu menos oito golos que o FC Porto, menos seis que o SC Braga e menos cinco que o Benfica, o que dá nota da solidez de um processo que, dizem há muitas décadas os entendidos, de forma quiçá maniqueísta, «ganha campeonatos», enquanto que um ataque exuberante só servirá para «ganhar jogos.»
O que fez, então, Rúben Amorim para afinar defensivamente a turma de Alvalade? Começou por impor um princípio: Quem defende não são os defesas, é a equipa. Depois, fazendo profissão de fé num sistema de 3x4x3, garantiu que a eficácia era posta em prática aplicando outra norma essencial: é preciso manter pouco espaço entre setores. Finalmente, estabelecido o quê e o como, tratou do quem.
Escolheu um guarda-redes experiente e fiável (Adán); acertou em cheio no lateral-direito (Porro); devolveu confiança a um central (Neto); descobriu outro bastante competente (Feddal); e com estes dois criou condições para que o terceiro (Coates) regressasse ao seu melhor nível. Depois, criou um duplo pivot (Palhinha/João Mário) que é garante da plasticidade defesa/ataque e gerador dos equilíbrios de uma equipa que tem, mais à frente, elementos importantes na verticalidade de Pedro Gonçalves e no repentismo de Nuno Santos. E embora Tiago Tomás e Sporar tenham dado conta do recado, fica a sensação de que nenhum deles é o ponta de lança dos sonhos de Rúben Amorim (Paulinho?).
Embora, no futebol, não haja dogmas, a verdade é que quem pensa bem e executa em conformidade, está sempre mais perto de conhecer o sucesso...

 

Rúben Amorim

Desde Mourinho que um treinador não tinha, entre nós, um início de atividade tão impactante. E tal como o Special One dos primeiros tempos, Rúben Amorim vale não só pelo que está a fazer, mas também pela expectativa que tem sido capaz de criar quanto ao que poderá vir a ser, num contexto global.

Pedro Porro

Uma final, um golo, um título. Depois de longa procura e de inúmeros flops, o Sporting acertou em cheio no jogador emprestado pelo Manchester City (onde, com Cancelo e Walker, tem os caminhos tapados), que pode manter se desembolsar 8,5 milhões de euros, um preço módico para tanta qualidade. 

Pepa

Aos 40 anos, a sua quinta época consecutiva na Liga, em Paços de Ferreira, está a confirmá-lo como um dos mais talentosos treinadores portugueses da atualidade. O que está a conseguir não é obra do acaso e não tardará muito até que possa dar o salto para um patamar competitivo mais ambicioso. Temos homem!