Algumas ideias sobre o dérbi
A melhor equipa também cometeu erros de pior equipa, pelo que o empate é justo
Odérbi deu empate. E porque a melhor equipa também cometeu erros de pior equipa, é justo. Como se esperava, o 3x4x3 foi quebra-cabeças não completamente resolvido pela pressão encarnada. A sair em losango, com Inácio e Matheus Reis paralelos, Adán e Coates nos outros vértices e o ala do lado da bola por perto, os leões não só garantiram construção limpa - faltava sempre alguém às águias - como ligaram com facilidade com o controlo e explosão de Edwards e Trincão (e até às vezes Nuno Santos), o que expôs a defesa contrária. Já o encaixe era perfeito do lado de lá, com os três da frente do Sporting a ficarem com centrais e médio mais recuado, e os alas com os falsos-extremos.
A pressão mais agressiva e a forte reação à perda aumentaram o desconforto para as águias, sobretudo para João Mário e Aursnes - o português cresceu, o norueguês fez a pior exibição desde chegou - quando de costas ou isolados pelos rivais, com Rafa a não ter também espaço para acelerar. Os da casa reagiram quando um espírito kamikaze, encarnado pelo MVP Florentino e pelos centrais, empurrou-os para a frente, levou-os ao empate e deu-lhes o domínio territorial no segundo tempo.
O primeiro golo leonino resulta do bom entendimento entre Porro e Edwards, porém também de falha coletiva inexplicável do Benfica, enquanto o 2-1 nasce do choque entre a inexperiência de António Silva e a astúcia de Paulinho. Já o Benfica empata duas vezes porque, mais cedo ou mais tarde, encontra espaço: Rafa individualmente, antes de ligar com a diagonal curta de Ramos para a zona do primeiro poste; depois a circular até Grimaldo cruzar para o bis do avançado.
Os encarnados recuperaram duas vezes, mas não conseguiram embalar precisamente dos dois momentos para a vitória. Mérito do Sporting. O campeonato continua bem vivo.