Agridoce!...
Molho agridoce é um termo genérico que engloba vários estilos e receitas de molho, culinária e métodos de preparação de pratos, muito comum na China, é utilizado na culinária inglesa desde a Idade Média, e actualmente muito popular na Europa e na América.
Confesso que embora seja apreciador de uma boa comida chinesa, a comida agridoce não faz parte das minhas preferências. Ou salgada ou doce. As duas coisas misturadas não me levam a deslocar-me para muito longe para as saborear, ao contrário do que me acontece com certos pratos bem portugueses. Por exemplo, na segunda - feira passada desloquei-me com amigos a Viseu, ao Perdigueiro - passe a publicidade que não é enganosa - para comer um arroz de míscaros, matando as saudades da açorda dos mesmos, como a minha Mãe, também do distrito de Viseu, fazia para minha delicia. E deliciei-me com a qualidade, de comer e chorar por mais, daquele arroz e dos ditos míscaros. E, também a exemplo de que o doce e o salgado se não devem comer misturados, comi um sonho com calda - também como a minha Mãe fazia - à sobremesa. Tão bom, que não fiquei satisfeito, e como Viseu não é ao pé da minha porta, comi mais um. E aproveito para agradecer à proprietária, conhecida por Bé, a maneira como nos recebeu e tratou!
E, se o almoço foi agri, mais doce, o sentimento que tive durante aquela refeição foi agridoce, pelo sentimento doce de me lembrar a minha Mãe e a amargo de já não a ter junto de mim, embora em mim continue a viver!
23 de Novembro, sábado passado, tem, para mim, um doce e especial significado, comemorado ao jantar, após a vitória do meu amigo e consócio Jorge Jesus, agora treinador do Flamengo. Mas esse momento doce do dia e do jantar quase se ia misturando com o amargo da possível derrota até ao último minuto!
Mas, ultrapassada a euforia do momento, provocado pela vitória, não tanto de um português, mas, sobretudo, de um amigo e sportinguista, fui invadido, e assim me tenho mantido, pelo sentimento que aquela conquista da Taça dos Libertadores: um sentimento agridoce. E é esse o sentimento que determina o meu artigo de hoje - a mistura da alegria com a amargura!...
E não faltou também neste tempo agridoce em que tenho vivido nestes últimos tempos o reaparecimento de José Mourinho, como treinador no activo, outro treinador que também ajuda, e de que maneira, a esse dito sentimento agridoce.
Aliás, sou da opinião que todos os sportinguistas - os burros e os inteligentes, os bons e os que não compram obrigações - vivem hoje a doce alegria e orgulho de ser do Sporting Clube de Portugal e acidez e amargura de ver tanto disparate e tanta incompetência na sua SAD, ou seja, vivem com um sentimento agridoce!
Será que a maior parte dos sportinguistas não viu com alegria a contratação de Mourinho logo misturada com o amargo da desvinculação do mesmo, causada por um conjunto de adeptos de sentimentos ácidos, que nos saiu bastante cara do ponto de vista material e desportivo. Será que alguém poderá calcular o prejuízo que tal comportamento causou ao Sporting? Não é difícil admitir que este caminho amargo não teria sido trilhado!...
E Jorge Jesus que trouxe uma alma nova, não foi também corrido de uma forma violenta, depois de já ter sido despedido de uma forma cínica e hipócrita, por quem nos causou alguns momentos doces, mas que, seja ou não autor moral, teve também enorme influencia num dos momentos mais amargos - se não mesmo o mais amargo - da história do Sporting Clube de Portugal?
É este Jorge Jesus, vitoriado com a vitória na Taça dos Libertadores, que poderia ter libertado o Sporting com a vitória nessa Taça de Portugal de triste memória, e que deixámos sair, corrido a pontapé!
Por culpa própria, portanto, vivemos este sentimento agridoce, entre a alegria e a tristeza, entre a paixão e a revolta, porque renegamos as origens, não somos capazes de construir um projecto, não distinguimos entre o trigo e o joio, perdemos a capacidade de escolher.
Então Jorge Jesus não teve capacidade para levantar o leão, como levantou agora outro gigante adormecido que era o Flamengo? Só por que não teve resultados imediatos, como podia ter tido? E por que razão foi Jorge Jesus embora, sem regresso, quando o actual presidente dizia que com ele seria mais fácil o regresso dos fugitivos de Alcochete, sendo Jorge Jesus membro da sua Comissão de Honra?
Tudo no Sporting é hoje agridoce: as doçuras das modalidades do Sporting são misturadas com os demasiados momentos de amargura do futebol? Até a renovação de Bruno Fernandes tem um sabor agridoce: o doce de o mantermos que nos aponta o amargo da partida!
Para não falar da propalada reestruturação financeira para adoçar a boca aos crentes mas que não disfarça o amargo de quem afinal não tem dinheiro!... Este agridoce financeiro não é seguramente um sentimento agridoce, mas um molho para esconder o amargo das contas!...
Doce... mas triste!...
Doce pela ternura que temos por uma senhora de 98 anos de idade, com 93 anos de doce filiação ao Sporting Clube de Portugal - a sócia nº 1 do Sporting. Julgamos ímpar na história das associações desportivas nacionais ou estrangeiras.
A amargura pela sua partida a que se junta já a saudade. Que a memória de associados como Maria Octávia Andrea nos traga a paz e serenidade para continuar esta instituição. Que descanse na paz que lhe é devida por ter sabido amar e servir o clube. Da minha parte um agridoce viva o Sporting!
Quase só doces...
Estou a escrever hoje, dia 28, após o jogo com o PSV, com a doce vitória de quatro a zero e a doce passagem aos dezasseis avos, porque de madrugada parto para Madrid. Pareceu-me que estas mini-férias de competições fizeram bem ao futebol do Sporting. Futebol mais doce, menos amargurado. Os doces golos de Phellype, Mathieu e Bruno Fernandes, as doces assistências deste, a doçura agressiva de Acuña, o doce futebol de Wendel, as doces e afirmativas defesas de Luís Maximiano.
Não doce, mas um forte abraço para Silas, que merece estes momentos.
Não foi tudo doce, por causa do agri-cartão amarelo a Bruno Fernandes e os amargos da claque que se dispensavam naquele ambiente festivo e de alguma paz e tranquilidade, como há muito se não via na equipa. Mas é assim: entre amargos e doçuras o ambiente entre os adeptos fica-se pelo agridoce!...