Agora a reconquista
1O Benfica ganhou no Dragão num grande jogo de futebol. Onde tivemos de tudo. Disputa imensa e um espetáculo vibrante. Bons golos e grandes defesas. Muita intensidade e imensa luta tática. Momentos muito belos e lances bem polémicos. Emoções à flor da pele, tensão intermitente e, até, uma expulsão singular. Em razão de um dupla falta! Bruno Lage venceu uma vez mais. Com todo mérito. E Sérgio Conceição, que tudo fez para inverter o resultado, viu virar as contas desta Liga. Mas sendo certo, por honestidade intelectual, que os golos não surgem do nada. Surgem de convicta capacidade e de clara ousadia. Mas este Benfica que há pouco tempo tinha sete pontos de atraso tem, agora, dois (dois e meio!) de avanço em relação ao campeão em título. A ambicionada reconquista exige nos dez jogos que restam que continue a haver ambição e motivação, consciência e crença, vontade e fé. A fé que se sentiu num esgotado Dragão. Mas o Benfica, este Benfica de Bruno Lage, mostrou, uma vez mais, que a combinação entre a experiência e a juventude, a tenacidade e a sagacidade são palavras de ordem de um coletivo que se sente, de um espírito de equipa que se pressente em cada lance e de um sentido de comunidade único. Como há muito não se via. Como há muito nós adeptos não o sentíamos. E as palavras finais de Bruno Lage a agradecer aos jogadores por estarem a fazer dele treinador são de uma profundidade imensa e de uma humildade tocante. E uma palavra final, permitam, para o João Félix. Sem desprimor para toda a equipa, do fantástico guarda-redes aos esforçados Samaris e Gabriel. João Félix não teve receio nem de Filipe, nem de Pepe. Foi para cima deles. Não os temeu. Em nenhum momento. Em todos os lances. Como ambos somos naturais de Viseu permitam que aqui lhe diga que, para além de grande profissional, é um exemplo de um verdadeiro Viriato! Luta até à exaustão. E, depois, marcou, tal como o renascido Rafa, um grande golo. Agora treino a treino, e com o colinho dos benfiquistas, a reconquista é possível!
2O surf, conquistado o estatuto olímpico, é uma das modalidades mais atrativas do momento. Tem cada vez mais praticantes e, logo, cada vez mais público. Diria, em rigor, mais públicos. O que implica, necessariamente, que as televisões emitem as principais competições e acompanhem os grandes nomes da modalidade. Este fim de semana decorre na Ericeira - em rigor em Ribeira d’Ilhas - a primeira etapa do denominado Campeonato Nacional de Surf e que marcou o regresso à interna competição de um dos nossos grandes nomes, o Frederico ‘Kikas’ Morais. Esta competição que decorre até ao princípio de Outubro percorrerá espaços e locais de importantes ondas, como a Figueira da Foz, o Porto, Cascais e a Praia do Amado no Algarve . E o vencedor, o campeão nacional, receberá um prémio de cem mil euros. O surf aí está. Ganhando novos praticantes e atraindo a Portugal milhares de jovens - e menos jovens - praticantes de uma modalidade que nos proporciona momentos em que a ousadia do homem - e da mulher - se confronta com a força e a subtileza, sempre imprevistas, das ondas. E, no e afinal, o abraço do(a) praticante com a espuma das ondas. E, logo, instantes de beleza única! E de uma singular relação e disputa entre o corpo e a natureza.
3Duas notas que são em bom rigor comemorativas. Há precisamente trinta anos em Riade, na Arábia Saudita, e sob o comando lúcido e arrojado de Carlos Queiroz, conquistámos o Campeonato do Mundo de sub-20. Foi a primeira grande conquista de uma seleção nacional de futebol. E graças a um lote notável de jogadores - de Paulo Sousa a Fernando Couto, de João Vieira Pinto a Folha, de Brassard a Hélio, de Tozé a José Xavier, de Paulo Madeira a Valido, de Jorge Couto a Bizarro, de Paulo Alves a Amaral, entre outros -, o futebol português começou a mudar. E neste dia em que recordamos este marco histórico é reconfortante olhar para os relvados de Portugal e perceber que há outros jovens que evidenciam um talento que, tal como há trinta anos, faz o Mundo olhar para nós! Um outro aniversário. Há precisamente duzentos e dezasseis anos foi fundado o Colégio Militar. Como ex-aluno lá estarei hoje pela manhã no desfile do Batalhão Colegial ao longo da Avenida da Liberdade e com a presença, que assinalo e cumprimento, do Senhor Presidente da República. Mas ontem o Presidente do Comité Olímpico de Portugal, o Professor José Manuel Constantino, em representação do Comité Olímpico Internacional, homenageou o Colégio Militar já que em 59 representações olímpicas teve vinte e nove atletas que nele estudaram e desenvolveram a prática desportiva que participaram em diferentes edições dos Jogos Olímpicos. É uma participação extraordinária e que representa e vinca o papel do Colégio na atividade e promoção desportivas. E sendo dois marcos, temporalmente diferentes, os juntei. Já que eles mostram e evidenciam que há escolas que importa referenciar. Mesmo que alguns queiram esquecer nomes, como Carlos Queiroz, ou instituições marcantes da e na nossa história, como o Colégio Militar! Onde já marcam presença as raparigas numa unidade de género que importa realçar. Apesar das saudades de Odivelas e de um Instituto cuja memória importa preservar. Para que não se apague a história! Responsabilidade que, estou certo, o Município de Odivelas não deixará de assumir e protagonizar!
4Sei que hoje na página ao lado passo a ter uma companhia de luxo. Permitam-me que cumprimente o Gonçalo M. Tavares pelo novo desafio que me suscita. Um grande nome da nossa contemporânea literatura exige acrescido cuidado com a minha escrita. E os meus escritos. Olhei para a minha biblioteca e deparei com dois títulos deste meu novo parceiro: Jerusalém e Uma Viagem à Índia. Já percebi que terei de a enriquecer com as outras obras de um marcante escritor deste nosso tempo. E tendo consciência que se aproximam os setenta e cinco anos deste jornal de resistência e de referência!