Afinal havia um penta...
Graças a dois tiros de Jovane Cabral, o Sporting derrota pela quinta vez consecutiva (!) o FC Porto de Sérgio Conceição em provas a eliminar
Q UATRO DIAS depois de falhar em casa uma inédita quinta vitória seguida sobre o Benfica (1-1), o FC Porto de Sérgio Conceição manteve em Leiria a tradição de perder com o Sporting em provas a eliminar: sofreu a quinta derrota seguida (!) com os leões, primeira sem ser no desempate por penáltis. Afinal sempre havia um penta à espera de Sérgio! Com a afortunada vitória no clássico de ontem, obra de uma espetacular reviravolta (bis em oito minutos) assinada pelo entrado Jovane Cabral - o remate do primeiro golo é um portento de força e colocação em qualquer parte do mundo -, o Sporting marca presença na sua quinta final da Taça da Liga (56.ª em todas as competições) e impede o FC Porto de tentar igualar a proeza do Benfica de Jorge Jesus que, em 2014, foi campeão simultâneo de todas as (quatro) competições domésticas. Manda a boa fé dizer que Sérgio não merecia a derrota, já que houve mais FC Porto (e mais ocasiões azuis e brancas) durante largos períodos da meia-final, mas o problema é que o potente Jovane não quis saber de justiças poéticas para nada e transformou aquilo que parecia ser uma suada e merecida vitória do campeão num filme de terror para toda a nação portista (Pesadelo, parte 5). Sérgio disse que o resultado «caiu do céu», mas não é verdade: caiu da bota direita de Jovane e também da decisão de Rúben Amorim lançar Matheus Nunes e o próprio Jovane na reta final do jogo. A partir daí, o FCP passou a ter problemas que ainda não tinha tido. Confirma-se que Rúben Amorim tem mesmo uma estrelinha boa e que a jovem equipa do Sporting, mesmo a atravessar uma fase cinzenta (a que não é alheia a pronunciada baixa de forma de João Mário e Nuno Santos), mantém-se solidária e competitiva a ponto de conseguir derrotar a única equipa portuguesa de nível Champions.
Hoje teremos o SC Braga-Benfica possível. Jesus, como Sérgio Conceição e Rúben Amorim, tem algumas baixas importantes por causa do Covid-19, mas o onze que ele escolher certamente fará tudo para mostrar que a boa exibição e resultado no Dragão não foi obra do acaso, antes o início da nova fase por que todos os benfiquistas suspiram. E a Taça da Liga, lembre-se, é a competição fétiche de JJ, como todos sabemos - ganhou-a por seis vezes. Quanto ao SC Braga, a comemorar cem anos, espera-se uma equipa muito mais focada/empenhada do que aquela que perdeu e fez uma triste figura em Paços de Ferreira (desperdiçando uma vitória que valia NOVE pontos), e pelo menos tão agressiva como o enviesado comunicado com que a Direção do clube entendeu intrometer-se numa questão que dizia respeito ao Sporting e ao FC Porto.
Allegri era o quê?...
R ONALDO joga hoje em Regio nell’Emilia a 31.ª final da sua carreira (22 triunfos, oito derrotas, 19 golos…) contra o Nápoles. Em jogo a Supertaça italiana (e um 31.º título para CR7), numa altura em que a equipa de Gennaro Gattuso parece forte e inspirada (vem de um 6-0 à Fiorentina). Olha-se para o futebol bipolar, sobretudo chato!, desta Juventus - primeiro com Maurizio Sarri, agora com Andrea Pirlo - e percebem-se duas coisas. Primeiro: o futebol da Juve com Massimiliano Allegri era muito mais rigoroso, intenso e efetivo do que chegou a parecer (muitas saudades devem ter dele os adeptos da Signora…). Segundo: a Juventus tem o melhor finalizador da história - Cristiano Ronaldo - e não consegue rentabilizá-lo como devia (o José Manuel Delgado costuma dizer-me que se Ronaldo fosse para o Man. City marcava 85 golos por época tantas são as ocasiões que o City fabrica por jogo). Este último jogo com o Inter (0-2) veio mostrar que a Juventus, basicamente, é uma equipa espessa, pesadona e sensaborona, embora capaz de, ocasionalmente, arrancar grandes jogos - como o 3-0 em Barcelona e o 3-1 ao Milan em S. Siro. A própria Imprensa italiana reconhece que a Juventus, com aqueles jogadores, tem obrigação de fazer muito mais. Não quero ser injusto, mas a impressão que tenho é que Sarri avariou o mecanismo da Juventus de tal forma que o novato Pirlo ainda não conseguiu encontrar todas as peças para refazer o puzzle. Por aquilo que se tem visto, o FC Porto pode encarar a eliminatória com a Juventus com otimismo moderado, (jogos a 17 fevereiro e 9 março), nunca esquecendo que Ronaldo (mesmo assim: 84 golos em 108 jogos pela Juve) continua a poder desequilibrar qualquer jogo - basta que o sirvam em condições. Por falar nisso, CR7 deve pensar muito seriamente que não é em Turim, com este futebol, que vai gozar os últimos anos da carreira como merece: a divertir-se.
Magnífica Premier
E NTUSIASMANTE como nunca a Liga inglesa, apesar da pandemia. Entre o líder Man. United (37 pontos), que joga hoje em Londres com o Fulham, e o 6.º classificado (Everton, 32) há apenas 5 pontos de diferença. Parece haver muito mais equilíbrio do que nos últimos três anos, embora esteja convencido de que o City (recebe hoje o Aston Villa) e o Liverpool (recebe o Burnley amanhã) vão acabar nos dois primeiros lugares - são equipas feitas, de grande qualidade, produtos acabados e testados, enquanto o United e o Tottenham, por exemplo, estão ainda a fazer-se. Mesmo assim, creio que ninguém esperava ver a equipa de Bruno Fernandes a liderar quase no fecho da 1.ª volta e um Tottenham tão perto do Liverpool e do City (bravo, Mourinho). Sem esquecer o combativo e determinado Leicester de Brendan Rodgers, que este ano parece capaz de conseguir aquilo que deixou escapar na época passada: um lugar no top quatro. Apesar dos estádios vazios, o futebol em Inglaterra continua a ser uma festa. Para os olhos.