A última ceia

OPINIÃO29.12.202105:55

O resultado foi um lamentável presépio em que sobraram burros e faltaram Reis Magos

OGoverno tinha alertado para não se fazerem trocas de Natal neste período de contenção, mas o Benfica não resistiu e trocou Jesus. A sua permanência após o clássico da Taça de Portugal (0-3) foi, de facto, uma prenda errada a partir do momento em que a preparação do jogo se confundiu com a preparação da saída de Jesus para o Flamengo. O resultado está à vista: um lamentável presépio em que sobraram burros e faltaram Reis Magos.
Se o meu casamento estivesse mal e eu fosse tomar café ou jantar com uma ex-namorada importante que me quisesse de volta, não me parece que ficasse casado nem mais um dia. Foi o que Jesus fez, com a agravante de a sua mulher (o Benfica, leia-se) ter tido conhecimento e ter autorizado. Um desastre completo. Sim, Jesus foi seduzido pelo Flamengo ao bom estilo de Instinto Fatal, perante o cruzar de pernas à Sharon Stone de Marcos Braz, mas podia e devia ter reagido melhor do que Michael Douglas. Não o fez, deixou-se seduzir.
Disse Luis Díaz após o clássico que o segredo esteve no facto de o FC Porto ter «amassado» o Benfica logo desde início, mas a verdade é que o Benfica já entrou amassado. Parece que tinha levado com «um pau». Nunca esteve em condições anímicas de discutir o jogo e a eliminatória.
O Flamengo ajudou a tirar JJ do Benfica mas, estranhamente, antes de consumada a iminente saída, levou Paulo Sousa (lamentável a forma como tem agido com a Federação Polaca). Como quem lava as mãos como Pôncio Pilatos enquanto Jesus é crucificado. E assim, Jesus, o amor de perdição de Vieira, perdeu o Flamengo enquanto se perdia no Benfica. Veio para «arrasar» e saiu arrasado. É a crueldade do futebol, mas cada dia a mais de Jesus no Benfica seria um dia perdido.

P. S. - Para muitos benfiquistas, Pizzi (que acabou por estar ligado de forma decisiva à última ceia de Jesus no Benfica) fez a jogada da época.