A ‘troika’ de Amorim!

OPINIÃO17.04.202107:00

José Fontelas Gomes, José Pereira e Cláudia Santos são três personalidades aliadas na missão de desestabilizar o Sporting

TROIKA tem origem numa palavra russa e é com essa palavra que, normalmente, se designa um comité ou uma comissão de três membros. Na política, a palavra troika refere-se de uma forma geral a uma aliança de três personalidades mais ou menos do mesmo nível e poder que se reúnem para gerir algo ou enfrentar uma missão.
Historicamente, por uma breve consulta a uma enciclopédia, parece que o termo era usado para designar os três chefes supremos dos estados comunistas: o chefe de estado, o chefe do governo e o líder do partido. Segundo julgo saber tal nomenclatura ficou mesmo reservada para nomear diversas alianças políticas de vários líderes na União Soviética. Após a morte de Lenin, em 1924, foi formada uma troika entre Zinoviev, Kamenev e Stalin, que enfrenta Trotsky, principal nome da Oposição de Esquerda. Segundo rezam alguns textos, a mais famosa de todas as troikas soviéticas foi a formada por Georgi Malenkov, Lavrentiy Beria e Vyacheslav Molotov, que governou o país durante um período breve após a morte de Stalin em 1953. Em 1964, na sequência da queda de Nikita Khrushchev, também se formou outra breve troika entre Leonid Brezhnev, Alexei Kossygin e Anastas Mikoyan.
Acho que nenhuma destas personagens russas que acabo de citar está viva, e, se estiver, e alguma vez lhes chegar aos seus ouvidos, ou dos seus sucessores, que os misturei com algumas personagens que vou referir nesta minha coluna, peço que me perdoem! Não é minha intenção diminuir personagens da história da União Soviética, mas apenas procurar explicar o que é esta palavra, que na década anterior foi tão falada, e ainda agora continua a ser falada, por razões boas e más.
É conhecido por todos - mais por uns do que por outros - que em 6 de Abril de 2011, José Sócrates anunciou ao País que Portugal ia pedir ajuda, não ao seu amigo engenheiro Carlos Santos Silva, mas sim à mais famosa troika que passou por Portugal.
Troika foi também a designação atribuída à equipa composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia. Equipa composta por consultores, analistas e economistas responsáveis pela negociação com os países que solicitam um pedido de resgate financeiro, de forma a consolidar as suas contas públicas. Esta equipa deslocou-se ao nosso País (bem como à Grécia e à Irlanda) para analisar exaustivamente as despesas e receitas dos Estados durante algumas semanas, contando com a colaboração dos vários organismos do Estado e dos partidos da oposição, e muitas outras entidades públicas e privadas. Após a análise foi elaborado um memorando, onde são apresentadas medidas a executar para estabilizar as contas públicas, os prazos e os montantes de dinheiro que serão entregues ao país.
A alguns clubes e sociedades anónimas desportivas de Portugal teriam feito jeito então, como fariam hoje, essas equipas para estabilizar as finanças. E ao falar em troika no futebol lembrei-me de uma famosa dos anos oitenta do século passado: Jordão, Manuel Fernandes e Oliveira. Que saudades! Troikas dessas que venham todos os anos.
Rúben Amorim, ainda jovem mas já com algum sucesso como futebolista e treinador, também arranjou uma troika muito especial: José Fontelas Gomes que, segundo consta, enquanto árbitro de futebol não passou da terceira categoria, tendo arbitrado cerca de três dezenas de jogos (e parece que alguns de futsal) entre a Associação de Futebol de Viseu, 3ª Divisão Nacional e Nacionais de Juniores, 1ª e 2ª Divisão. Antes de ascender a presidente do Conselho de Arbitragem passou, natural e obrigatoriamente, por presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol; José Pereira, ao tempo do 25 de Abril e serviço militar obrigatório, furriel do exército português, sem carreira como treinador de futebol, mas hoje, e já há vários anos, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol; Cláudia Santos, presidente do Conselho de Disciplina, deputada socialista, e mais qualquer coisa terminada em ista, para além de anti-sportinguista.
À semelhança de qualquer outra troika são três personalidades, mais ou menos do mesmo nível, que não sei se se reúnem presencialmente ou por telepatia, e que se encontram aliadas na missão não de estabilizar o que quer que seja, mas antes desestabilizar o Sporting Clube de Portugal.
Esta troika não foi chamada para tirar ninguém da insolvência. Emerge do regime de que todos falam, em tudo, semelhante ao regime corporativo que vigorava antes do 25 de Abril.
É tempo de vir uma troika para o futebol antes que a insolvência moral acabe com ele.
Por hoje termino, com o esclarecimento de que troika também pode significar carruagem ou grande trenó russo, puxado por três cavalos! Venham eles!
PS: Adeptos têm de saber sofrer, disse Rúben Amorim. Saber sei. Tenho mais anos de sofrimento que Rúben tem de idade. Mas ontem foi demasiado sofrimento, a pontos de ter de mudar de canal para descansar o meu coração.
Faço hoje 74 anos e estava a pensar que me ficava pelos 73.
Já não estou pois em idade de receber prendas. Mas esta soube-me bem, muito bem, porque foi sofrida. Obrigado ao Rúben e à equipa. E quando logo apagar as velas antes vou pensar nos meus três desejos. Dois não digo. O outro, como diria o Rúben, é ganhar ao Belenenses!
 

«Ontem foi demasiado sofrimento (...) Faço hoje 74 anos e estava a pensar que me ficava pelos 73. Já não estou em idade de receber prendas. Mas esta soube-me bem, muito bem»