A teoria do possível impera em Portugal
A menos de duas semanas do pontapé de saída da Liga (e antes ainda há a Supertaça Cândido de Oliveira e a entrada em cena do Benfica na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões), os clubes começam a tomar forma, mostrando virtudes e insuficiências que o tempo se encarregará de confirmar ou desmentir. Esta fase do ano é mágica, porque é o tempo do otimismo, da esperança, dos craques planetários que muitas vezes não passam de pés de chumbo, mas que, pelo menos, vão alimentando o imaginário dos adeptos, preenchendo as páginas dos jornais e a antena de rádios e televisões, e enchendo ainda mais os bolsos dos intermediários, públicos ou nem por isso, que funcionam entre clubes e jogadores.
Este defeso, em termos nacionais, fica marcado, sobretudo, pelo volume de pequenos negócios, já que, por razões diversas, os principais emblemas têm tido um mercado atípico.
Para o FC Porto, que tem em Militão um reforço bastante prometedor, a preocupação essencial tem estado em manter as peças mais importantes Marega, Brahimi, Aboubakar e Herrera. A seguir se verá se haverá condições para satisfazer mais alguns desejos de Sérgio Conceição...
Já o Sporting, a tentar recuperar do cataclismo brunista, tem conhecido alguns triunfos - a permanência de Bas Dost e Bruno Fernandes e a contratação de Nani - mas viu partir, em condições longe das ideais, valores com alta cotação de mercado e agora com valor incerto. Trata-se de uma circunstância excecional, a que a SAD de Sousa Cintra tem dado a melhor resposta possível, mantendo viva, pelo menos, a chama de um futuro competitivo. Mas, se nada disto seria fácil em condições estáveis, num contexto eleitoral que deverá acentuar-se na próxima semana, a função de José Peseiro torna-se quase ingrata.
Quanto ao Benfica, que revelou alguns bons apontamentos nos jogos com Dortmund e Juventus, tem na eliminatória com o Fenerbahçe (e na seguinte, assim passe os turcos), a chave da época, não só em temos desportivos, mas também financeiros. E mesmo quanto a alguns negócios apetecíveis noutras circunstâncias (Rúben Dias, por exemplo), a SAD estará sempre condicionada pela necessidade premente de aceder à fase de grupos da Champions.