A segunda oportunidade dum electricista

OPINIÃO15.03.201903:00

Cromos (e dos mais raros): O electricista fogaceiro

Constou-me que o electricista responsável pela fabulosa iluminação do estádio do Feirense - reconhecida enquanto única em todo o mundo capaz de funcionar como aquelas gambiarras de Natal que se acendem e apagam sozinhas - é o mesmo artista que aqui há uns anos foi acusado de ter cortado a luz em pleno estádio da dita, por infeliz coincidência logo após o fim do jogo que consagrou o FC Porto campeão nacional. Implacável e sumariamente despedido pela Direção do clube do estádio da dita luz, conhecida por não tolerar faltas de respeito ou agravos ao fair-play, o Feirense deu-lhe uma segunda oportunidade. Em boa hora o fez, como agora claramente se vê, mesmo às escuras.

A luminária

Por falar em falta de luz, o mais importante jornal desportivo espanhol fez uma manchete que era toda uma lápide: «Aqui jaz uma equipa que fez história». Pois jaz. Muita gente pensará que a derrocada do Real se deve à saída de CR7. Outros apontam mais para o abandono de Zidane (que, entretanto, acaba de voltar). E ambas as teses têm, sem dúvida, a sua dose de verdade. A meu ver, porém, o mal maior foi causado por quem entrou e não por quem saiu. Mesmo que, entretanto, já tenha também saído. Sim, é claro que me estou a referir a uma luminária que também por cá andou e cujo nome ora não me ocorre. Foi pouco o tempo que esteve em Madrid? Se eu fosse catalão garantiria que não foi o suficiente. Mas se fosse madridista protestaria que foi demasiado. Quem planeou e iniciou a temporada, depois daquela (falta de) vergonha em trocar a Roja pelos blancos, nas vésperas do Europeu? Será que em Espanha conhecem aquele nosso ditado popular segundo o qual «o que torto nasce, tarde ou nunca se endireita?» Não contente com os desmandos que praticou, a luminária teve agora o despautério de falar sobre Vinícius Junior, hoje em dia considerado o melhor jogador dos merengues. Quanto jogou ele com a luminária? 18 (dezoito!) minutos em 14 jogos! E então não estava lesionado. Diz agora a luminária: «Não me custa quando o vejo fazer um bom jogo». É de mais! Basta.

Lógica defensiva

Perante tantas teorias sobre qual deva ser a composição ideal do bloco defensivo portista, também eu me permito enunciar aquela que julgo ser a melhor de todas as combinações: um quarteto com 3 elementos - Felipe e Militão.

‘Joker’: UEFA, ou quando o bom exemplo vem de cima

A UEFA explicou oficialmente as duas decisões mais polémicas que envolveram o VAR no último desafio ente FC Porto e Roma, considerando ambas bem ajuizadas. Sobre o penálti convertido por Alex Telles, que viabilizou a qualificação dos dragões para os quartos-de-final, a UEFA revela que foi o VAR a alertar para uma possível falta sobre Fernando Andrade: «o árbitro confirmou que não tinha notado nenhum impedimento durante a jogada e pediu para ver as imagens, que o convenceram de que deveria ser assinalada grande penalidade». Quanto ao lance ocorrido aos 121 minutos, já em período de compensação da segunda parte do prolongamento, o árbitro atrasou o reinício do jogo após uma possível falta cometida sobre um jogador da equipa italiana na área do FC Porto «para dar mais tempo ao VAR para poder rever os ângulos da câmara. Foi então informado de que, após verificação, nenhum erro óbvio tinha ocorrido.»

Ora aqui está um exemplo de transparência que deveria converter-se de excepção em regra, passando a ser parte integrante do protocolo.

Entrevista imaginária

-  A quem se deve imputar a culpa por mais uma derrota?
- À arbitragem e à infelicidade, como é da praxe, mas desta vez também e sobretudo à outra equipa.

- Porque uma equipa só joga o que a outra deixa?
- Não! Porque foi - e há que o denunciar frontalmente, que eu cá não sou homem de meias-palavras - totalmente incapaz de fazer um mínimo de esforço para se encaixar nas premissas basilares da nossa filosofia de jogo. Assim, por causa desse estúpido egoísmo, tornou-se virtualmente impossível desenvolvermos na prática as bases teóricas da nossa forma superlativa de jogar.

- E quais são essas bases?
 - Numa palavra: um sistema oscilo-batente, com variantes de basculação profunda em terrenos onde a relva esteja mais curta, apoiadas numa pressão alta com blocos baixos de diversas larguras e múltiplas comutações e/ou derivações, consecutivas e/ou não cumulativas.