A reconquista
Foi um sábado histórico para o Benfica. No futebol feminino conquistou, no emblemático Estádio Nacional, a sua primeira Taça de Portugal. Depois num Estádio da Luz cheio de fervor concretizou-se a reconquista. Ambicionada e muito desejada. Foi a recompensa de quatro meses em que se combinou o encanto da simplicidade com o aplauso da multidão. Ontem naquele instante da entrega da Taça, em rigor da Taça da Liga NOS, houve uma mistura intensa de felicidade e de autenticidade. Já que «cada um é a cor do seu coração»! E todos, todos mesmo, do relvado colorido às bancadas entusiasmadas merecem este título, esta conquista, esta reconquista! De Bruno Lage a Jonas, de Luís Filipe Vieira a Jardel, de Rui Costa a Rafa, de Domingos Soares de Oliveira a André Almeida, de Tiago Pinto a Pizzi, de Samaris a Seferovic, de Shéu a Ferro, mais o Rúben Dias e o Grimaldo, o Luisão, o Salvio e o Florentino, entre tantos outros que construindo um verdadeiro coletivo são os heróis deste gloriosa reconquista. Sim gloriosa. Em pontos conquistados, em golos marcados, num dinâmica gerada e multiplicada. Como na madrugada de hoje se sentiu no Marquês de Pombal em Lisboa e em múltiplos marqueses - da Rotunda da Boavista aos diferentes rossios -deste nosso Portugal e cada canto do mundo onde a alma benfiquista se juntou e festejou.
Foi um título merecido. Um título em que a generosidade venceu a maldade, a inteligência superou a inveja, a unidade se combinou com a humildade e, também, com a honra. E perante ataques ou insultos a resposta numa unanimidade que importa referenciar foi a vitória, a alegria da partilha com os fiéis adeptos que, jornada a jornada, levaram uma equipa honesta - sim honesta e tendo como referência Bruno Lage!- à reconquista do título de campeão nacional. Sim foi o 37. Cantado num coro impressionante. Mas, acima de tudo, foi merecimento - «as coisas não são de quem as logra, senão de quem as merece»! - e foi querer, foi sabedoria e trabalho, foi valor e união, foi vontade e dignidade. E a memória na camisola de Bruno Lage do Senhor Jaime Graça mais o beijo de parabéns que dei à Dona Flora, viúva do saudoso Senhor Eusébio da Silva Ferreira, mostram que este 37 é a ponte determinante entre um passado de glória e um futuro de grandes vitórias. E foram, ainda, 103 golos o que evidencia capacidade e perfeição numa segunda volta de sonho. E que terminou com um vitória clara face a um Santa Clara que mostrou uma qualidade de jogo que importa realçar.
A reconquista é, assim, a combinação de três Vs: vitória, vontade e virtude. E “a virtude é como o segredo: oculto, conserva-se; manifesto, perde-se”! E, aqui, a estrutura foi mestre e sábia. E, no final, a reconquista fez-se em casa. Ontem no onze titular sete portugueses. Ontem no banco uma equipa técnica concebida e desenvolvida na ‘Academia do Seixal’. Direi que foi uma conquista construída dentro de muros. E esta conquista, com a sagacidade de Bruno Lage e a motivação do Presidente de Benfica, levou a esta reconquista bem festejada. Em todas as partes desta aldeia global onde há um crescente sentimento benfiquista. E este sentimento e este crescimento que se sente e se pressente impõe que a crença não esmoreça. Temos de continuar a acreditar. Que depois deste 37 tudo vamos fazer para merecer e conquistar o 38. Sabendo bem que o que nos levou à reconquista foi a prudência e o querer, o que fundamentou esta recompensa foi a união e a agregação de todas e todos os (as) benfiquistas, o ser e a essência de um clube em que a alegria do relvado contagia o prazer das bancadas.
A reconquista aí está. O 37 erguido. E no aplauso imenso, e merecido, da multidão esteve o encanto da simplicidade. E com esta é difícil. Foi jogo a jogo, final a final. E em que a generosidade evidenciada levou à imensa felicidade. Que para aqueles que foram o centro da reconquista é um largo momento de glória. Que a história, no seu singular registo, não deixará de evidenciar e de proclamar. Com a nota que o título 37 do Benfica tem como título justo e merecido de RECONQUISTA!