A próxima jornada será determinante
Quando faltam apenas 360 minutos para que este campeonato chegue ao fim, qualquer deslize é a morte do artista. Todos o sentem
COM maior ou menor dificuldade, os quatro da frente não vacilaram, não sucumbiram à crescente pressão, e apresentam-se com argumentos fortes para os restantes 360 minutos da I Liga. A próxima jornada, de que a equipa da Luz, suceda o que suceder, sairá líder (com que conforto, logo se verá), traz-nos um Benfica-SC Braga, que irá clarificar muito as contas do título, quer no que respeita a diferenças pontuais, quer ainda no que concerne ao número de candidatos aos dois primeiros lugares. Com pezinhos de lã, felizes por evoluírem à sombra do ruído que uma disputa entre Benfica e FC Porto sempre provoca, os arsenalistas vão encarar o desafio da Luz como se das portas do Paraíso se tratasse, enquanto que a viagem dos dragões a Arouca deverá ser enquadrada nas ambições europeias dos donos da casa. E há o Sporting, de calculadora na mão, à espera de um deslize que possa conceder-lhe uma réstia de esperança de entrar na Champions.
ERLING HAALAND, 22 anos, é um fenómeno, um predador que nunca se sacia, e que corre para acabar esta época com seis dezenas de golos em jogos oficiais, números batem os recordes da Premier League e equiparam com as melhores temporadas de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Haverá, pois, condições, ao dia de hoje, para antecipar que o norueguês vai superar os feitos de CR7 e da Pulga? Por um lado, aquilo que se vê em Haaland, a que se associa o facto de jogar num dos melhores clubes do Mundo (e assim continuará, seja onde for), leva-me a dizer que sim. Estamos perante um panzer a que nunca falta munição, por isso, é possível que seja ele (mais do que Mbappé, que tendo golo, a coisa mais importante do futebol, tem funções que vão para além de meter a bola na baliza) a bater os números do português e do argentino. Há porém um senão neste raciocínio, que deve ser trazido à colação: a longevidade competitiva. Marcar mais de 50 golos numa época é extraordinário. Mas fazê-lo ao longo de 15 temporadas consecutivas é que representa o verdadeiro desafio, aquilo que separa os cometas, que passam, fulgurantes, das estrelas, que brilham com uma luz própria que leva muito tempo a extinguir-se.
PS: CR7 está desconfortável em Riade, e Messi é infeliz em Paris. Nenhum acaba como devia.
ÁS — JOÃO NEVES
Jogador interessante, sem grandes rasgos individuais mas com uma capacidade de dinamizar coletivamente a equipa, que faz lembrar João Moutinho, trouxe ao Benfica alguma intensidade e clareza. Ao mesmo tempo, Roger Schmidt passou a usar melhoras armas que tinha no banco. Foi o que Barcelos disse.
ÁS — LUÍS CASTRO
Cumpridas três jornadas, o Botafogo é líder isolado do Brasileirão, e ontem à noite a equipa de Luís Castro derrotou o Flamengo (3-2 com um bis de Tiquinho Soares, para o Fogão) no Maracanã, apesar de ter atuado com dez elementos durante 50 minutos. Um arranque auspicioso para um dos melhores treinadores portugueses.
DUQUE — BRUNO VICENTIN
O Santa Clara parece ter o destino traçado, depois da derrota de ontem no Estoril. Para onde foram os jogadores que levaram os insulares às provas da UEFA? Onde está a estabilidade que era imagem de marca dos açorianos? O ex-vice presidente do Cruzeiro, que é acionista maioritário da SAD, tem muitas explicações a dar.