Opinião A odisseia do automóvel em 2020
Para a indústria, limite de 95 g/km para a média de emissões de CO2 é uma missão impossível
A indústria automóvel, preparava-o há muitos anos: em 2020, confronto com missão… impossível. Na Europa, o ano novo traz consigo regras de proteção ambiental muito mais restritivas, com as emissões de dióxido carbono que resultam dos consumos na linha de fogo, com a introdução do máximo de 95 g/km para a frota de viaturas de cada fabricante. A fórmula de cálculo baseia-se nas vendas e não na produção e nos modelos da gama, o que torna a tarefa ainda mais exigente, mas os os números finais consideram mais fatores, dos pesos às matrículas de carros elétricos, que beneficiam de bónus. Logo, exercício supercomplexo...
Desconhecendo o resultado de 2019, considere-se o de 2018... Na Europa, nas vendas de carros novos, 120,5 g/km de média nas emissões de CO2. Garantem-no fontes da indústria: mantendo-se este número, na União Europeia, a violação do limite de 95 gramas originará o pagamento de multas acima de 30.000 milhões de euros. Anualmente, a indústria ganha menos dinheiro...
Quase em uníssono, os responsáveis dos construtores recusam qualquer pagamento de multas por CO2 a mais. A alternativa imediata é a eletrificação do automóvel, realizada a contrarrelógio... O problema até ganhou dimensão com a mudança nas preferências dos consumidores europeus. As vendas de automóveis com motores a gasolina aumentaram, enquanto as dos Diesel diminuíram. Simultaneamente, Sport Utility Vehicles (SUV) cada vez mais populares: prova-o a quota de mercado próxima de 40%. Tudo somado, em vez de menos, mais consumos e gases de escape.
Nos próximos meses, antecipa-se, fabricantes (ainda) mais empenhados na mudança do paradigma automóvel dominante há mais de 100 anos, com investimentos massivos na eletrificação, a alternativa às mecânicas de combustão interna. A empreitada, enorme, exige concertação de esforços, associações à imagem da fusão da PSA Peugeot Citroën com a Fiat Chrysler Automobiles. O acordo assinado muito recentemente criou o quarto maior consórcio mundial nos volumes de produção e vendas, terceiro no volume de negócios. O português Carlos Tavares comanda empresa empenhadíssima no desenvolvimento de tecnologias novas, com o foco na redução rápida dos gases de escape.
Mas, na linha do horizonte, mais problemas: de 2007 para 2021, diminuição de 40% no CO2. De 2021 para 2030, redução de mais 37,5%, pelo menos! Sem democratização das tecnologias da eletrificação, massificação impossível.