A lágrima e o destino
Pinto da Costa ainda não oficializou a sua recandidatura à presidência. (Foto: IMAGO)

A lágrima e o destino

OPINIÃO23.11.202309:23

No FC Porto, tudo deve ser pensado com profundidade e rigor. Em abril de 2024 deverão ocorrer as eleições do clube: momento decisivo

Num dia que deveria ser de festa, para debater e aprovar novos estatutos, o universo Porto sofreu as consequências de um tsunami avassalador. O que poderia ser um espaço para debater o futuro do clube, foi tumultuoso, polémico, com violência verbal (e não só), criando uma memória infeliz que urge recentrar o essencial: a dedicação ao clube.

Foi decidida uma reunião do Conselho Superior que cancelou a revisão dos Estatutos. A primeira reunião foi caótica. No FC Porto, tudo deve ser pensado com profundidade e rigor. Em abril de 2024 deverão ocorrer as eleições do clube: momento decisivo. O Conselho Superior decidiu, e bem, retirar a proposta e cancelar a Assembleia Geral: a razão triunfou! É certo que situações semelhantes já aconteceram em outros clubes por falta de diálogo, sem esquecer que se trata de um assunto importante, cujo objetivo é unir. O mais importante foi salvaguardar a pacificação dos adeptos, tanto mais que todos desejam o mesmo: um FC Porto vencedor, unido e com capacidade para alcançar sempre mais títulos.

Que a eventual disputa eleitoral seja fonte de determinação, para que o FC Porto continue unido na senda dos títulos para satisfação dos adeptos. Claro que esta situação tem de ser analisada com rigor, para se evitarem casos semelhantes e criar condições para as eleições que se aproximam serem exemplares. O clube acima de tudo! Debater com racionalidade os diversos projetos, de acordo com o crescimento imparável, para que a paz consiga sair triunfante, para um clube ainda mais forte. Reforçar a união honra a nossa tradição, envolvendo várias gerações.

O FC Porto saberá escolher o rumo certo, porque estamos convictos de que os dragões nunca deixarão de lutar pela honra com paixão, pelo nosso clube, que é também admirado internacionalmente: o quarto melhor clube do Mundo. Respeito! Financeiramente há estratégia preparada.

Que o Estádio do Dragão seja palco das eleições, que os adeptos se reencontrem valorizando o essencial com destino vencedor: o nosso Futebol Clube do Porto. O essencial para os dragões é contribuir para fortalecer a união e engrandecer o clube, numa dinâmica imparável. Por outro lado, superada a tristeza, tivemos um aniversário fantástico: no dia 16 de novembro, fez 20 anos que o Dragão foi inaugurado num jogo tendo como convidado o Barcelona, na estreia do jovem Messi, certamente memória nunca esquecida.

São muitas histórias vividas, muitas alegrias e muitos títulos: 478 jogos oficiais, 365 vitórias, 1052 golos marcados, 11 Campeonatos Nacionais, 10 Supertaças, 7 Taças de Portugal, 1 Liga dos Campeões, 1 Liga Europa, 1 Taça Intercontinental e 1 Taça da Liga. Treinadores com mais vitórias: Sérgio Conceição 131 vitórias (em 163 jogos), Jesualdo Ferreira 67 vitórias (em 89 jogos), Vítor Pereira 36 vitórias (em 42 jogos). Melhor marcador, Jackson Martínez, 49 golos; jogador com mais jogos, Helton, 159. Recorde de assistência 50818, no FC Porto-Corunha, na meia-final da Champions em 2004. Número total de espectadores desde o início: perto de 16 milhões. Autor do projeto: arquiteto Manuel Salgado.

São inúmeros os jogos que nunca se esquecem, como por exemplo o golo de Kelvin aos 90+2’ contra o Benfica. Que o Estádio do Dragão seja palco das eleições, num processo que os adeptos se reencontrem valorizando o essencial com um forte sorriso: o nosso Futebol Clube do Porto. O essencial para os azuis e brancos é contribuir para fortalecer a união e engrandecer o clube numa dinâmica imparável.

Seleção Nacional

Roberto Martínez veio e convenceu. Trouxe confiança e rigor. Mais importante do que comparações, temos factos: 32 golos, jogos de grande qualidade e uma dinâmica de clube que se constata ao ver a Seleção jogar, de uma forma excelente e com uma entrega total. Desde o Mundial de 1958 ao Europeu de 2024, a média mais elevada de golos que Portugal atingiu foi nesta qualificação: 3,6 golos por jogo. A forma como o selecionador integra os atletas, assim como determina as funções de cada um, revela que a Seleção é uma equipa que dá a impressão de um clube com rotinas bem alicerçadas e uma fluidez de excelência.

Até nas convocatórias revela uma decisão fundamentada em função do modelo de jogo, cria um ambiente extraordinário, procura espaço e tempo para que todos possam ter acesso ao jogo dentro das quatro linhas. Com Martínez, a vedeta é a equipa. Dia 16, Portugal deslocou-se a Vaduz, para defrontar o Liechtenstein e o resultado foi naturalmente a vitória portuguesa, por um magro 2-0, sem o brilho a que estamos habituados. O seu contacto com os jogadores é um trunfo valioso na disponibilidade de todos, como se verifica na alegria e apoio com que os nossos jogadores se entregam ao jogo.

Diogo Dalot pediu escusa, porquanto o casal teve o primeiro filho e, essa, é uma vitória fascinante: muitas felicidades. Aspeto a realçar, como prova do ambiente na Seleção: Rui Patrício defendeu a baliza nos dois primeiros jogos de qualificação, depois Diogo Costa, sempre com muito bom desempenho. E agora foi a vez de José Sá se tornar internacional. O Rui e o Diogo ficaram muito felizes, como se denota na união no balneário. Também se estrearam na Seleção Toti Gomes, muito sereno e com forte dimensão física, ainda o talentoso azul e branco João Mário que comprovou a sua competência.

Mais um golo para aumentar a lista de CR7 e o número de internacionais aumentou para 127. O jogo não foi uma área de ópera, mas mantiveram-se as vitórias com mérito. O ambiente na Seleção é excelente e chega ao ponto de Cancelo afirmar: «João Mário é uma chamada que já era merecida há muito tempo, fez um papel bom.»

No dia 19, em Alvalade, a Seleção enfrentou o último jogo desta fase, com uma vitória também por 2-0, num jogo sem intensidade, lento, previsível, concluindo a fase de apuramento do grupo só com vitórias: 30 pontos, 36 golos marcados, somente dois sofridos.

Futebol nacional

Aproximam-se eleições na FPF, que terão lugar no próximo ano. Desde logo detetam-se movimentações e estratégias para manter o mesmo modelo, procurando antecipações, como a arbitragem já fez, incluindo o desejo em aumentar praticantes, melhorar a organização global, para se poder avançar com projetos definidos e sustentáveis. Inovar é urgente e para isso é preciso criar equipas competentes, imparciais, onde todos possam ter os mesmos direitos. Os tempos mudam e os dirigentes têm de mudar, com mais competências e planos com rigor.

O futebol português precisa de entender que as crises nos clubes acabam por prejudicar todos os outros. Se é verdade de que alguns comentadores clubísticos são focos de fogo que vão desvalorizando a nossa credibilidade, pior são os oportunismos de dirigentes com guerra verbal, incluindo presidentes que falam demais, sem olhar para os seus clubes, porquanto têm muito a fazer para evitar situações que abalaram violentamente os seus clubes. Quem pretende deitar gasolina na fogueira, sabe bem que tem problemas muito graves por resolver. Por isso, antes de extremar posições, os clubes devem analisar atentamente os problemas e tentar resolvê-los com unidade. Claro que há dirigentes que preferem esconder problemas graves e fingir que nada tem a ver com eles. Recordam-se de Alcochete? Não foi filme de ficção, foi vergonha.

Em relação ao Benfica, há cinco meses que um grupo de adeptos enviou uma extensa carta para se proceder à revisão estatutária, remunerações e outros aspetos, ainda sem sinal de receber esse documento. E se começarmos todos pela própria casa?

Sobre o processo eleitoral no FC Porto, certamente que Lisboa estará demasiado atenta, porque acaba por ser parte muito interessada. Que o FC Porto consiga dar uma goleada aos poluidores da escrita e das imagens, para que o clube se reforce com talento e futuro vitorioso. O presidente do FC Porto continua um campeão.

Remate final

O presidente de uma equipa espanhola (Getafe) sugeriu uma suspensão de um ano para o VAR, para criar um clima de apaziguamento e preparar durante esse tempo profissionais de muita qualidade e imparcialidade. Foi também questão imprescindível a definição da colocação das linhas para o fora de jogo que acumulam erros sucessivos, ficando a dúvida dessa colocação indevida. Esse ano de reflexão poderia permitir um avanço posterior. 

O que distingue o Bayern de Munique é a sua filosofia de só gastar o que pode.