A influência alemã no futebol mundial
Lisboa acolhe a Liga dos Campeões e passa de Portugal para o exterior uma imagem de segurança e normalidade num contexto de pandemia. Apesar das promessas de vacinas para breve, esta dor de cabeça está ainda longe do fim e há que saber (sobre)viver o melhor possível, criando uma normalidade que seja compatível com a segurança sanitária. E é aqui que entra a magna questão do regresso dos adeptos aos espetáculos desportivos (magnífica reflexão de José Manuel Constantino, presidente do COP, ontem, no Público), que deve conhecer desenvolvimentos em breve. Não haverá quem não queira ver, de novo, as bancadas preenchidas, na F1, no MotoGP ou no futebol. Ou quem não se sinta no direito de exigir dezenas de milhares de pessoas na Festa do Avante. Ao Governo, pede-se coerência e exige-se coragem...
Três treinadores alemães estão nas meias finais da Liga dos Campeões, uma prova que tem noutro técnico germânico o campeão em título. Será este facto obra do acaso? Evidentemente, não. No futebol pós-tiki-taka dos dias de hoje, é a Alemanha que está a apontar o caminho do futuro, casando o rigor tático com a vertigem atacante, e as marcações precisas com uma tremenda capacidade físico-atlética. Numa área sempre em evolução, ninguém pode fechar-se no conhecimento adquirido num dado momento. E quem tiver esta humildade pedagógica estará em vantagem. Nunca ninguém sabe tudo e, numa área tão volátil como o futebol, ainda menos. Sem fazer aqui a apologia das modas, que são passageiras e fúteis, há que estar atento às tendências e à evolução. Sem complexos nacionalistas, os mesmos que tanto têm prejudicado a evolução do futebol brasileiro.
O que têm em comum Manuel Neuer, Jérôme Boateng e Thomas Muller? O gosto pela surpresa! Figuras da Mannschaft campeã do Mundo em 2014 e do Bayern Munique, estes três craques são os únicos que podem gabar-se de não só terem aplicado ao Brasil os históricos 7-1 do Mineirão, como de terem abalado os alicerces do barcelonismo, com um 8-2 na Luz. As ondas de choque destes dois resultados absolutamente surpreendentes vão continuar a sentir-se por muitos anos e apenas Neuer, Boateng e Muller podem dizer: «Eu estive lá.»