A Espanha é admirável
Agora é a «Roja» feminina a dar cartas: está a 90 minutos de ganhar o título mundial e igualar o feito dos homens, há 13 anos!
NO próximo domingo vai acontecer história em Sydney, no majestoso estádio Australia (ou Olímpico). Oh se vai: o país que ganhar a final do Campeonato do Mundo - Espanha ou Inglaterra - torna-se o primeiro na história a conseguir o título máximo de futebol tanto em masculinos como em femininos. Isto porque nem espanholas nem inglesas constam no albúm de ouro desta competição, ao contrário do que sucede com os homens - os ingleses foram campeões mundiais em 1966 (sim, o ano dos memoráveis «Magriços»), e os espanhóis em 2010, no ano da infernal Vuvuzela. Ao longo das oito edições do Mundial feminino (a primeira aconteceu em 1991, na China) apenas quatro selecções conseguiram ganhar: Estados Unidos (em 1991, 1999, 2015 e 2019), Noruega (1995), Alemanha (2003 e 2007) e Japão (2011).
Haverá, pois, um campeão inédito.
É a primeira final tanto para a Espanha como para a Inglaterra, mas só a presença das outsiders ibéricas é verdadeiramente surpreendente. As inglesas chegaram às meias-finais nas duas últimas edições (em 2015 perderam com as japonesas por 1-2; em 2019, com as norte-americanas, também por 1-2) e são as campeãs europeias em título. Quer sejam as Lionesses (Leoas) britânicas ou Las Soñadoras (As Sonhadoras) espanholas a ganhar, consigo imaginar que tipo de manchetes os jornais espanhóis e ingleses (sobretudo estes) vão escolher para celebrar o feito. Vai ser um festim. Gráfico e não só.
Quem viu os jogos da Espanha certamente ficou impressionado com a qualidade técnica (e táctica) das Sonhadoras (crédito para Jorge Vilda, o polémico seleccionador com quem se incompatibilizaram algumas jogadoras). Tratam bem a bola, sabem o que fazem, têm uma organização apurada (raramente as vemos desposicionadas) e, como acontece com os homens, nunca se rendem: são bravas, desafiantes e extremamente competitivas. As futebolistas mais decisivas provém do Barcelona (Aitana Bonmati, Alexia Putellas, Salma Paralluelo, Laia Codina, Irene Paredes…), uma das melhores equipas da Europa (ganhou duas Champions nos últimos três anos), o que ajuda a explicar a funcionalidade e o forte espirito de corpo da selecção.
Engraçado com a história se pode repetir. A selecção da Espanha que ganhou o Mundial masculino em 2010 (1-0 à Holanda na final de Joanesburgo), com Vicente del Boque no comando, também assentava no núcleo duro do formidável Barcelona tiki taka de Pep Guardiola (Piqué, Puyol, Busquets, Xavi, Iniesta e Pedro Rodriguez todos titulares).
As inglesas, quer-me parecer, não têm tanta qualidade técnica e tanto golpe de asa como as espanholas, mas serão porventura uma equipa mais madura e experiente, mais habituadas que as rivais a jogos decisivos.
E isso ajuda a ganhar finais. As Leoas chegam à final de Sydney da melhor forma possível - em crescendo, foram de menos a mais - depois de vencerem com muita classe (3-1), perante uma multidão hostil, a forte selecção da casa (as australianas Matildas). A treinadora neerlandesa Sarina Wiegman é óptima (levou a Inglaterra ao título europeu no ano passado; repete a final do Mundial quatro anos depois de a ter perdido, à frente da Holanda, para os EUA) e já pode contar no domingo com a terrível Lauren James (irmã de Reece James), que cumpriu dois jogos de castigo depois de um despropositado pisão a uma adversária nigeriana, Michelle Alozie, nos oitavos-de-final.
A lógica aponta para a consagração das inglesas, que ultrapassarão, em caso de vitória, o palmarès da selecção masculina (o que não deixará de fornecer assunto para alguns ensaios interessantes na viperina Imprensa britânica).
Mas do outro lado está a Espanha. A Espanha, hã ? - respect!, uma das maiores potências desportivas do Mundo. Em tudo. Nos homens e nas mulheres. No futebol. No basquete. No ciclismo. No andebol. No voleibol. No ténis. No motociclismo. Na Fórmula 1. No atletismo. Na natação. No hóquei em patins. No que se quiser. Competitivos em tudo, admiráveis espanhóis…
As ‘Sonhadoras’ do país vizinho têm impressionado o mundo do futebol
JESUS, TANTOS MILHÕES! (E A PRESSÃO A AUMENTAR…)
LÍDER folgado do impressionante ataque saudita ao mercado, com gastos, até agora, de 268 milhões de euros (!!!) - por ordem cronológica: Rúben Neves, Wolves (55m); Kalidou Koulibaly, Chelsea (23m); Milinkovic-Savic, Lazio (40m); Malcom, Zenit (60m); e Neymar, Paris SG (90m) - o Al Hilal coloca nas mãos de Jorge Jesus o melhor (e mais caro) plantel do futebol asiático, isto quando o clube de Riade estará em vias de conseguir o guarda-redes marroquino Bono (proposta de 18 milhões ao Sevilha) e cada vez mais perto de satisfazer o pedido de Jesus relativamente ao goleador sérvio Mitrovic (proposta de 55 milhões ao Fulham). A confirmarem-se mais estas duas aquisições, o Al Hilal gastará uns estratosféricos 343 milhões em reforços, mais do triplo do investimento (!) que Jesus conheceu em cada uma das duas últimas épocas no Benfica. O treinador português terá um Ferrari nas mãos.
É claro que para os patrocinadores da casa real Saudita a contabilidade dos títulos dos quatro clubes não é o ponto mais importante (o show off mediático é muito mais) mas parece evidente, por comparação com os gastos dos dois principais rivais, o Al Itthiad de Nuno Espirito Santo (até agora: 76 milhões) e o Al Nassr de Luis Castro (até agora: 77,6 milhões), que Jorge Jesus, com este milionário dream team liderado pelo artista Neymar, terá menor margem de tolerância caso falhe os objectivos óbvios - a conquista da liga saudita e da Champions asiática.
A DÉCIMA DE PEP
EGuardiola chegou à décima conquista internacional (em 11 finais) ontem, na noite quente de Atenas, vencendo uma quarta Supertaça Europeia (primeira do City e décima das equipas inglesas) no desempate por penalties (5-4) a expensas do combativo Sevilha, que desperdiçou duas ocasiões de resolver a final no tempo regulamentar, quando ganhava por 1-0 (ambas por Youssef En-Nesyri, ambas salvas por Ederson). O ex-sportinguista Nemanja Gudejl foi o «vilão» que falhou o último penalty (esmagou a bola na trave) e o Sevilha perdeu uma sexta Supertaça consecutiva.
O City acusou muito as baixas (Kevin de Bruyne, Bernardo, Rúben Dias…) e só na fase final, quando a equipa andaluza acusava desgaste fisico, conseguiu aparecer mais pressionante e ameaçador, com o «miúdo» Cole Palmer, de cabeça (63m), a responder à tremenda «pedrada» inicial de En-Nesyri (25m), também de cabeça. No final do dia, Pep lá acrescentou mais um título ao prodigioso currículo.