A dimensão do erro
António Silva continua a ser o central mais completo, Schmidt só ganha se mantiver aposta
Ogolo não existe sem o erro, mesmo que a sua expressão seja mínima e no outro prato da balança esteja uma jogada de genialidade que praticamente o esvazie. E muito se tem falado de erros, sejam os de um mal-amado como é Ricardo Esgaio ou os do menino-prodígio António Silva. Só que, como em tudo no futebol, também o erro tem contexto(s): os momentos da equipa, do jogador e do jogo, o impacto que tem no resultado, no futebolista e no seu estatuto quando enquadrado no conjunto, e ainda a consequência que o score apresenta para o grupo. Se mais ambiciosos formos, encontraremos novas conjunturas, também com a sua relevância.
Não vou comparar o talento dos dois jogadores, não só em momentos distintos das carreiras como em pontos divergentes na curva do potencial, todavia pedem abordagens opostas por parte dos respetivos técnicos. Não só antes como também entre a precipitação de Paris e o excesso de confiança nas Caldas, o benfiquista esteve a um nível altíssimo. Continua a ser o central mais completo (e a merecer atenção na hora da escolha para o Campeonato do Mundo), logo Schmidt só terá a ganhar se mantiver a aposta. Além disso, se fosse pelos erros acumulados desde que chegou à Luz Otamendi não seria há muito a referência defensiva dos encarnados, que lembram sempre a capacidade de liderança do argentino na hora de desculpar más decisões.
Já o sportinguista parece sentir demasiado o momento, o que o precipita para o disparate. Tendo em conta que Porro costuma falhar alguns encontros por temporada devido a questões físicas, há que tentar recuperá-lo para essas alturas. O regresso do espanhol acaba por ajudar na decisão, embora fosse sempre necessária, porque Esgaio precisa de respirar e recompor-se para voltar a ter a utilidade que mostrou em Braga.