A dimensão da formação

OPINIÃO01.02.201903:00

Escrevi nesta coluna, na semana passada, sobre a importância de formar jogadores localmente. Afirmei que o objectivo não é só desportivo, isto é, conseguir jogadores com potencial para a equipa profissional, há outros, referi, como exemplo, o crescimento da sua base social de apoio.

Esta semana o CIES, Observatório de Futebol, apresentou um estudo tendo por base jogadores que actuam nas principais cinco Ligas europeias ( Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França). O objectivo era perceber o seu percurso formativo, selecionando aqueles que pelo menos em três temporadas, entre os 15 e os 21 anos, tinham representado um mesmo clube.

Este dado torna-se importante para entender a importância que os clubes dão à formação, e também a qualidade que este teve nos últimos anos. Dos clubes portugueses, apenas o Sporting é referido no top 10, com 21 jogadores formados na Academia. Esta lista, com 55 clubes, é liderada pelo Real Madrid (36 jogadores), Lyon (35) e Barcelona (34).

Estes números revelam, pelo menos, duas vertentes distintas. Por um lado, que os grandes clubes não estão apenas com atenção ao mercado, por outro, que o seu mercado interno tem capacidade para absorver muitos dos jogadores potenciados nos seus quadros. Este mercado interno que beneficia com esta mesma qualidade. A avaliação deve ser qualitativa e quantitativa. Portugal só tem a ganhar com o reforço de um processo formativo que eleve a qualidade e quantidade dos seus praticantes. Este é um dos objectivos de todas as  Federações. Em Portugal estamos no início de um processo de certificação que, estou certo, vai ser decisivo para o elevar do nosso nível formativo. A nossa estratégia, e não só no futebol, passa por potenciarmos os nossos recursos humanos. Os jogadores são o elemento mais importante do jogo. Quando formados localmente, ainda mais importantes são.