A crise só agora começou
Está aí o dérbi e, se ainda se lembram do clássico, o Sporting por vezes consegue aproximar-se dos rivais o suficiente para criar a dúvida. Só que depois os erros são muitos, quase infantis e deixam os leões especados no quase. Ao fim de 90 minutos, acabamos a constatar o óbvio: as diferenças podem ser aqui e ali disfarçadas, mas são gritantes. O leão até pode dar uma volta a si próprio e enganar um dos rivais, mas, a médio ou longo prazo, a tendência será sempre que termine longe. Muito longe.
Se partir cronicamente como terceiro da hierarquia nunca é fácil, obrigado ano após ano a encurtar distâncias, começar ainda mais atrás como desta vez tornou-se dramático e aumentou a solenidade do momento para a história do clube. As consequências de Alcochete vão demorar anos a desaparecer, a Academia não está pronta para responder a todas as preces e falta um diretor desportivo que consiga milagres por tostão e meio. Alguém competente e conhecedor como o Monchi que construiu o grande Sevilha, por exemplo. Sim, há poucos.
Bruno Fernandes é o único jogador de classe. Podem no seu lugar chegar muitos milhões de outro clube igualmente desesperado como o Manchester United, mas não serão reinvestidos na totalidade e nenhuma equipa poderá ser feita à volta do quase quarentão Mathieu ou do irregular Acuña, as referências que restam se tivermos muita boa vontade na análise. O leão vai ter de baixar expetativas e preparar-se para a travessia. Entretanto, trabalhar o melhor que pode: na formação, no reforço da estrutura e no mercado. Negócios acima de 5 milhões dificilmente serão saudáveis e darão para pouco, tendo em conta o que é preciso. Não há setor que não precise de reforços e, em quase todos, os que chegassem seriam para jogar já. Sem aquecer sequer.
P.S. Do Bonfim, só uma questão: a Liga de clubes serve para quê, mesmo?