A abrir... dérbi!
Não apenas o sempre giro confronto entre os glorificados na época transata: campeão nacional e conquistador da Taça de Portugal. Esta Supertaça Cândido de Oliveira tem o especialíssimo condimento de ser dirimida no dérbi, que o mesmo é dizer entre Benfica e Sporting, protagonistas da historicamente mais intensa rivalidade no futebol - aliás, em todo o desporto - lusitano. Verdade que, nas últimas décadas, as máximas refregas foram transferidas para renhidíssimos duelos FC Porto-Benfica - açambarcadores de quase todos os títulos e da grande maioria de outras competições nacionais. Ainda assim, histórico dérbi só um há! Este que vai decidir a primeira conquista de nova temporada. Com a consequente possibilidade de forte embalagem…
SERÁ pormenor, ou pormaior? Isso de, ambos somando 5 jogos na pré-época, o Sporting nenhum ter conseguido vencer e o Benfica ter ganho 4 - inclusive à Fiorentina e ao Milan na competição norte-americana, desta vez com sucesso e, fundamentalmente, bem preparada…; qual oposto extremo do desastroso arranque/incrível presente envenenado à estreia de Rui Vitória, ainda por cima face ao tremendo peso de suceder ao bicampeão Jorge Jesus.
Não creio que a atual diferença de resultados entre o novo Benfica e o novo Sporting seja assaz importante. Sobretudo porque o Sporting, embora melancólico, não chega à Supertaça desgastadíssimo e com nervos em brasa como então estava o Benfica - o qual, evidentemente, perdeu a Supertaça… para o Sporting de Jorge Jesus. E este também ganharia o dérbi seguinte, quase de imediato, para o campeonato e na Luz...; espantoso como esse primeiro Benfica de Rui Vitória, tão desleixadamente preparado para dificílima passagem de testemunho, ainda conseguiu acertar agulhas, ao ponto de… ser campeão! Há coisas em que os detratores do bicampeão Rui Vitória nunca pensam…
JOÃO FÉLIX e… Jonas. Perdê-los é muito duro! Apesar disso, no próximo domingo, maior exigência sobre o Benfica? Tendo a dizer sim; mas é um modo de ver… Óbvio respeito pelos triunfos sobre Chivas, Fiorentina e Milan - todos com não escassa dose de felicidade, vide remates esbarrando nos postes e na trave da baliza benfiquista. Porém, agora sim, teste a sério ao Benfica que Bruno Lage prepara sem dois avançados tão decisivos.
Claro que o Benfica mantém condições para estabilidade muito superior à do Sporting em árdua fase de transição. Desde logo: altíssimo encaixe financeiro garantido para esta época - mais de €200 milhões, comissões já descontadas, recorde nacional! - permite ao campeão recompensar o treinador com boas aquisições (veremos se isso se confirma). Evidente: não há equivalentes a Jonas e João Félix. Jonas: nada menos que o craque n.º 1 em Portugal, durante 4 anos! João Félix, antes dos €120 milhões (!!!), apenas isto: absolutamente decisivo na espetacular recuperação até à tal reconquista. Tão decisivo quanto Bruno Lage. O recém-chegado jovem treinador de imediato pegou no miúdo e projetou-o para ponta de lança móvel, nas costas de Seferovic. Sem a pronta e brilhante resposta de João Félix, tão crucial alteração tática não teria sido possível (com Jonas em longas baixas clínicas, fiascos Ferreyra e Castillo despachados também por Bruno Lage, inexistência de outro avançado para transformar 4x3x3 em 4x4x2).
BRUNO FERNANDES, o dilema! Estará na Supertaça, mas - minha convicção - em despedida. Sim, dilema. Em dose dupla. Para a SAD, a possibilidade de transferência com encaixe financeiro (forte, e, creio, muito necessário), versus enorme perda desportiva. Para Marcel Keizer, este outro problemão: equipa até aqui preparada com o seu maestro e capitão; de repente, como alterar (e não pouquinho…) sem ele? E com quem?
Dois anos e picos de Bruno Fernandes valendo meia equipa!; no mínimo. Perdendo-o - agora, a escassos dias de arranque do campeonato! -, Marcel Keizer enfrentaria (enfrentará?) bico de obra ainda bem maior do que o de Bruno Lage sem João Félix e Jonas…