Demiral: «Não jogar no Sporting deixou-me triste»
TURIM - Somou apenas um jogo oficial nos leões, mas é um nome bem identificado entre os adeptos leoninos. O internacional turco, que teve o Alcanenense como porta de entrada em Portugal, em pouco mais de um ano passou de jogador de equipa B dos leões para titular da... Juventus. Afirmou-se em Itália, mas guarda Portugal no coração conforme confidenciou a A BOLA, mostrando tristeza por não ter tido oportunidade de vingar de leão ao peito. Coração vai estar dividido...
- Antes de mais tenho de perguntar: sente saudades de Portugal, nomeadamente de Alcanena que foi a porta de entrada em 2016/2017? Como recorda esse período no início de carreira?
- Claro que senti falta nestes últimos oito anos. Portugal, e especialmente Lisboa, sempre foi um lugar especial para mim, cheio de belas e boas recordações. O meu tempo no Alcanenense foi um pouco desafiante, mas conheci lá pessoas muito boas que me ajudaram bastante. É por isso que gosto tanto de Portugal e das suas gentes.
- Teve, ainda assim, um percurso invulgar. Do Alcanenense foi para o Sporting, um salto de gigante inesperado. Que sonhos levava quando chegou a Alvalade?
- Sim, foi uma viragem inesperada. Mas trabalhei muito pelos meus sonhos no Alcanenense e um dia, durante o treino, um olheiro chamado Paolo, de Lisboa, descobriu-me e convidou-me para um teste no Sporting. O primeiro dia foi incrível — treinei primeiro com os sub-19 de manhã e depois, no mesmo dia, com a equipa B. Devo tê-los impressionado porque, logo após esses treinos, prepararam um contrato para mim. A partir desse dia o meu sonho passou a ser jogar na equipa principal do Sporting.
- Um sonho que não chegou a passar disso pois cumpriu apenas um jogo oficial. Sente que ficaram muitas coisas por mostrar?
- Sim, só joguei um jogo profissional, mas tinha grandes sonhos - jogar na Liga, ficar lá muitos anos, jogar em Alvalade. Tinha estabelecido esse objetivo para mim mesmo, tornar-me jogador do equipa principal.
- A sua saída acabou por surpreender uma vez que muitos adeptos vaticinavam um enorme futuro no clube. Sentiu-se magoado?
- Exatamente, sabia que os adeptos acreditavam em mim. Os que assistiam aos meus jogos diziam-me sempre isso. Não poder jogar na equipa principal deixou-me triste, mas sair daquela forma e seguir um caminho diferente na carreira acabou por ser bom. Acredito que o regresso à Turquia me ajudou a construir uma carreira mais bem-sucedida. Tenho muitas memórias ótimas do Sporting - ainda mantenho contacto com muitos dos meus amigos de lá e, às vezes, até jogamos uns contra os outros. Só tenho memórias felizes.
- Em dois anos salta do Alcanenense para o Sporting e logo a seguir... Juventus. Uma ascensão incrível em tão pouco tempo...
- Claro que entrar para a Juventus num ano foi um salto enorme. A Juventus é um dos maiores do mundo. De repente, vi-me ali - tudo aconteceu muito rápido em apenas uma temporada. Passei do Sporting B para titular da Juventus num ano. Foi um início incrível para a minha carreira. A Juventus terá sempre um lugar especial no meu coração. Ainda falo com as pessoas em Turim. Apesar de ser um clube enorme, todos ali eram incrivelmente humildes. O plantel estava cheio de estrelas - por vezes olhava para o banco e via nomes como Buffon, Mandzukic, Dybala, Khedira, Matuidi e Pjanic. Era uma verdadeira equipa vencedora, recheada de enormes jogadores.
- Vai estar com o coração dividido neste Juventus-Sporting ou bate mais forte para um dos lados?
- Não vou torcer por nenhuma das equipas, mas tenho a certeza de que será uma partida de alto nível, competitiva. Não é fácil tomar partido por uma equipa quando são as duas muito especiais.
- Que dificuldades é que o Sporting pode encontrar neste jogo?
- Turim é sempre complicado para visitar. Mesmo que estejam a passar por um período difícil ou não estejam na sua melhor forma! Durante a Covid até os clubes que jogavam num estádio vazio sentiam-se intimidados ali. Um estádio cheio e adeptos apaixonados certamente tornarão as coisas ainda mais difíceis. Tenho a certeza de que vamos assistir a uma partida muito intensa.
«Regressar? Nunca se sabe...»
Demiral, após cinco temporadas em Itália — representando clubes como Sassuolo, Juventus e Atalanta — rumou para a Arábia Saudita onde se encontra atualmente. Esta é a terceira época no Al Ahli Jeddah, clube no qual é uma das peças indiscutíveis.
Aos 27 anos, o central não faz planos de futuro, mas não coloca de parte um regresso a Portugal: «Sou muito feliz na Arábia Saudita. Estou contente por ser uma das primeiras peças deste projeto e satisfeito com o progresso das coisas. Tudo o que nos foi dito durante a fase de transferência - os planos e a visão - está a concretizar-se aos poucos. Como disse, sou feliz aqui, e nunca se sabe o que o futuro nos reserva.»