O ranking de maio da UCI com novo sistema de pontuação

Ciclismo O ranking de maio da UCI com novo sistema de pontuação

CICLISMO05.06.202313:42

A Volta à Itália foi a primeira das três grandes voltas, abrangida pelo novo sistema de pontuação, que aumentou consideravelmente os pontos UCI que são distribuídos na Volta à Itália, Volta à França e Volta à Espanha.

Enquanto os lugares do pódio voltaram a ser ocupados pelas grandes equipas, (Jumbo-Visma, Ineos-Grenadiers e UAE-Team Emirates), outras equipas de menor valia como a Jayco-Alula e Israel-Premier Tech, aproveitaram ao máximo a corrida italiana, beneficiando de terem incluindo ciclistas em algumas etapas bem sucedidas.

Os pontos conquistados pela Israel-Premier Tech são particularmente muito importantes, por darem uma vantagem quase inatacável de 2.500 pontos sobre a TotalEnergies na luta pelos convites do World Tour para 2024.

A classificação  atual é liderada pela UAE-Team Emirates de João Almeida, Rui e Ivo Oliveira, com 13.001,74 pontos, seguida da Jumbo-Visma com 12.349,42, Ineos-Grenadiers com 10.310,45, Bahrain-Victorious com 8.289,25 e Groupama-FDJ com 8.127,85 pontos, a 17.ª classificada é a Jayco-Alula com 4.464,18 e 18.ª Arkéa-Samsic com 3.419 pontos.

Na chamada zona vermelha, encontram-se  TotalEnergies com 2.472, UNO-X com 2.188 e Astana Qazaqstan com 2.175,16 pontos, numa classificação atualizada pela UCI a 5 de junho.  

As 18 equipas com mais pontos UCI no período 2023 - 2025, têm direito a licença World Tour de 2026 a 2028, situação que se torna extensiva aos quatro convites prioritários para as provas do calendário World Tour.

A Ineos-Grenadiers foi a equipa mais pontuada na Volta à Itália, com Geraint Thomas (2.º), Thymen Arensman (6.º) e Laurens De Plus (10.º), nos dez primeiros da geral. Jumbo-Visma e UAE-Team Emirates continuam a destacar-se com o objetivo de conquistar o ranking de 2023.

A particularidade da Volta à Itália foi que várias equipas que estão no fundo da tabela do ranking, somaram um elevado numero de pontos UCI, deixando a Arkéa-Samsic em zona de despromoção. A situação é mais preocupante para a Astana Qazaqstan com 2.175,16 pontos, atrás das 18 primeiras, apesar da vitória de Mark Cavendish na última etapa em Roma.

Analisando os pontos da Volta à Itália, constata-se que os velocistas Jonathan Milan (Bahrain-Victorious), Michael Matthews (Jayco-Alula) e Mads Pedersen (Trek-Segafredo) ou os combativos como Derek Gee (Israel) e Toms Skuijns (Trek-Segafredo), foram os grandes beneficiados com a mudança de pontuação, que passaram a ter mais peso nas etapas do que na classificação geral. A Volta à Itália para Derek Gee valeu 990 pontos UCI, mais 700 que a antiga escala de pontos. Outro caso relevante é o de Mads Pedersen que somou 580 pontos (8.º classificado nos pontos) em apenas 12 etapas. Em termos de pontos UCI, é uma estratégia sábia levar um velocista apenas para os sprints da primeira parte da corrida, para depois o deixar em liberdade quando chegarem as altas montanhas.

Para se ter uma ideia do peso das novas pontuações, verificamos apenas os cinco primeiros da classificação geral na versão pontuável antiga e a atual; 1.º Primoz Roglic 1.006 pontuação antiga, 1.750 pontuação atual; 2.º Geraint Thomas 944 - 1.627; 3.º João Almeida 715 - 1.312; 4.º Damiano Caruso 472 - 840 e 5.º Thibaut Pinot 564 - 1.070. Situação idêntica se passa com os velocistas; Derek Gee 296 - 990; Jonathan Milan 340 - 905; Mads Pedersen 184 - 580, Michael Matthews 140 - 515 e Mark Cavendish 132 - 390 pontos.

Depende do percurso de cada grande volta, mas o novo sistema de pontuação torna mais rentável entrar nas fugas do que lutar para manter um lugar nas ultimas posições do top 10, como Lennard Kamna fez no ultimo Giro.

Na análise aos pontos das equipas, verifica-se que as que estiveram no pódio do Giro ainda somaram mais pontos. No entanto, Israel, Trek e EF Education encontram-se entre as 9 equipas que mais pontos conquistaram na Volta à Itália, com o pormenor de não terem colocado nenhum ciclista nos 20 primeiros.

Com 15 ciclistas a pontuarem no final das etapas, em vez do cinco como anteriormente, é imperativo ter uma presença regular nos sprints e fugitivos com possibilidades de chegarem à vitória.

Tomando como base os pontos conquistados na geral e em etapas, a Ineos-Grenadiers conquistou 2.781 pontos, 1.480 na geral e 1.301 nas etapas, segue-se Bahrain-Victorious com 2.262 (790 - 1.292), Jumbo-Visma com 2.207 (1.310 - 897), UAE-Team Emirates com 2.202 (865 - 1.337) e Jayco-Alula com 1.569 (425 - 1.049)

As renuncia da TotalEnergies e Lotto-Dstny em não correrem a Volta à Itália a que tinham direito, foram decisões tomadas antes do anúncio das mudanças nas pontuações UCI e acabaram por criar controversa. Devido à mudança no sistema de pontuação, a Volta à Itália que atribuía 9.893 pontos passou para 24.557 pontos, enquanto as provas disputadas em simultâneo com a corrida italiana não sofreram grandes alterações em pontos distribuídos.

Nas ultimas três semanas, Lotto-Dstny somou mais pontos do que 13 das equipas que disputaram a Volta à Itália, o que significa que foi bom terem optado pelo calendário alternativo. Entre Arnaud De Lie, Caleb Ewan, Florian Vermeersch, Jasoer De Buyst, Sylvain Moniquet, Brent Van Moer e Milan Menten, marcaram mais de 1.200 pontos. Numa Volta à Itália sem velocistas de primeira linha e com muitas aventureiros em fugas vitoriosas, é possível que eles tivessem conquistado essa quantidade de pontos em Itália, com mais exposição na comunicação social, embora o desgaste físico também tivesse sido muito maior. Por outro lado, TotalEnergies e Uno-X não conseguiram somar tantos pontos quanto a maioria das equipas que disputaram o Giro.

Convites para 2024 nas provas do World Tour

Quanto aos convites para 2024 nas provas do calendário World Tour, os 1.400 pontos da Israel-Premier Tech são de grande importância estratégica pra a equipa, que aumentou a sua vantagem para a TotalEnergies para quase 2.500 pontos, o que na prática garante os convites para todas as competições World Tour em 2024, juntamente com a Lotto-Dstny. Ambas as equipas melhoraram os seus níveis desportivo e planeamento, depois de ter descido de escalão na ultima temporada. 

A situação pontual quando aos convites para as provas World Tour para 2024, encontra-se à data com a seguinte classificação; 1.ª Lotto-Dstny 6.583 pontos, 2.ª Israel-Premier Tech 4.931, 3.ª TotalEnergies 2.472, 4.ª Uno-X 2.160, Green Project-Bardiani 1.901,75, 5.ª Bolton Equities Black Spoke 1.728, 6.ª Tudor Pro Cycling 1.471, Eolo-Kometa 1.414, 7.ª Q36,5 1.410, 8.ª Bingoal WB 945, 8.ª Human Powered Health 907, 9.ª Burgos-BH 850 e 10.ª Caja Rural-Seguros RGA 796 pontos.

Cotas de participação nos Jogos Olímpicos

Nas cotas de participação por países nos Jogos Olímpicos Paris 2024, o ranking de 2023 que fecha com a realização do Tour de Guangxi de 12 a 17 de outubro, as cinco nações mais pontuadas têm direito a competir com quatro ciclistas, no ranking atual estão em vantagem, Bélgica com 10.625,85 pontos, França 8.033,57, Grã Bretanha 7.778,87, Eslovénia 7.670,43 e Dinamarca 7.362,99 pontos. Com direito a três ciclistas encontram-se, Itália 6.740,71, Paises Baixos 5.820,28, Austrália 5.101,72, Espanha 5.029,14 e Estados Unidos com 4.855,14 pontos. 

Portugal encontra-se entre as dez nações que podem levar dois ciclistas, numa classificação liderada pela Colômbia com 4.594,72 pontos, segue-se Portugal 4.010,86, Alemanha 3.701,14, Suíça 3.192,43. Irlanda 2.976, Noruega 2.604,71, Canadá 2.213, Nova Zelândia 1.771, Eritreia 1.545,64 e Áustria 1.366 pontos. Com direito a ter um ciclista mas com aspirações em subir, encontram-se Marrocos 1.208, Equador 1.187,29, Argélia 933, Cazaquistão 898,29 e Panamá 864. 

Na classificação feminina as cotas de participação obedecem aos mesmos critérios. Os cinco paises melhores classificados são Países Baixos com 9.412,57 pontos, seguida da Itália 5.878,1, Austrália 3.843,12, Bélgica 3.640 e Suíça 2.884,31. Com a possibilidade de competirem com três ciclistas, encontram-se à data, Grã Bretanha com 2.836,43 pontos, França 2.582,71, Polónia 2.248,42, Estados Unidos 2.077,71 e Alemanha 2.021,28, depois de surgirem 10 nações com pontuações que lhe permitem ter duas ciclistas, surgem os últimos 25 paises com direito a uma ciclista entre os quais se encontra Portugal. Noruega é 1.ª com 607 pontos, seguem-se Chile 598, Namíbia 570, Tailândia 557 e Finlândia 489, Portugal ocupa a 15,ª posição com 310 pontos, muito longe de aspirar a ter mais que uma atleta em competição em Paris.