Paulo Bento, que deixou o comando da seleção da Coreia do Sul depois do Mundial do Catar, defendeu, esta terça-feira, que há «demasiado ruído» no futebol português, mostrando-se solidário com Sérgio Conceição, que tem faltado às últimas conferências de imprensa da Liga.
«No nosso país há demasiado ruído em volta de determinadas situações no futebol, muitas vezes de gente que não tem a mínima capacidade para analisar o jogo. Isso leva a situações mais conflituosas e polémicas. É tudo o que a nossa seleção não necessita. Precisa de ter paz e tranquilidade para treinar e jogar», começou por dizer, num plano mais geral, no fórum da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANFT), falando, de seguida, em particular de Sérgio Conceição:
«O mérito das conquistas recentes do FC Porto tem também de ser atribuído em grande parte ao trabalho do Sérgio [Conceição] e da sua equipa técnica. Não só pelo que têm feito a nível nacional, mas também na Europa, Vejo comentários, se calhar pouco assertivos e até com alguma leviandade e com falta de respeito. Admito que tudo isso o possa desgastar, como a mim, em certo momento, me desgastou», apontou.
O treinador, de 53 anos, que foi selecionador nacional entre 2010 e 2014, abordou ainda a escolha de Roberto Martínez para a sucessão a Fernando Santos.
«O que nos compete é apoiar o seu trabalho. Naturalmente precisará de algum tempo de adaptação, que não será tão difícil, porque tem um leque de jogadores à disposição com grande qualidade e maturidade, que jogam nas ligas e clubes mais competitivos do mundo. Estão reunidos um conjunto de fatores que acredito levarão Portugal à qualificação para o próximo Europeu», atirou, recusando a ideia de que o técnico espanhol tenha sido conservador na mais recente convocatória.
Paulo Bento deixou ainda uma palavra a Pepa, que assumiu na segunda-feira o comando técnico do Cruzeiro, clube que o ex-selecionador da Coreia do Sul orientou em 2017.
«Quero felicitá-lo pelo trajeto que tem tido, mas não o poderei ajudar muito no que vai encontrar, porque a atual estrutura do Cruzeiro será completamente diferente da que eu tive. O que posso dizer é que o Brasil tem um contexto de maior dificuldade. É um país onde há muito pouco tempo para trabalhar e gerir um processo. A opinião do público e da imprensa tem um peso significativo», concluiu.