Rui Costa arrasador com Enzo: tudo o que disse o presidente

Benfica 02.02.2023 19:59
Por Francisco Vaz de Miranda

Rui Costa, presidente do Benfica, falou, esta quinta-feira, aos sócios e adeptos para justificar todas as entradas e saídas do plantel do Benfica no mercado de janeiro, com destaque para a transferência de Enzo Fernández para o Chelsea, por 121 milhões de euros. O presidente dos encarnados foi verdadeiramente arrasador para com o médio, garantindo que tudo fez para que o argentino continuasse no Benfica até final da época.


Tudo o que Rui Costa disse:


Renovações: «Desde o verão até agora fizemos as renovações dos nossos jovens (Morato, António Silva, Henrique Araújo, Florentino). Temos praticamente fechada a renovação com o Vlachodimos, também com o André Gomes. São jogadores que queremos manter na casa. Há negociações com todos eles (Grimaldo e Gonçalo Ramos). Há um compromisso entre todos, até final da época estamos todos aqui para o mesmo.»


Rescisão com André Almeida: «É um dos nossos. Muitos anos ao serviço do clube, conquistou 15 títulos, merece todo o respeito de todos. Chegámos a esta conclusão em conjunto. Depois da lesão, acabou por ter muito pouca utilização, este ano nenhuma. Acabava o contrato no final da época e dando a rescisão ao André no último dia do mercado proporciona-lhe a possibilidade de continuar a carreira no imediato. Nem sempre foi compreendido mas foi de extrema importância para a equipa e para o balneário.»


Haris Seferovic emprestado ao Celta: «Não teve a utilização que queríamos na Turquia, foi para Espanha e merece o mesmo respeito do que os outros. É um ativo nosso.»


Henrique Araújo, João Victor e Paulo Bernardo emprestados: «Não queremos que nenhum jovem interrompa o crescimento. Todos estávamos à espera de maior utilização do Henrique nesta primeira metade de temporada. Não a teve e tudo o que venha a partir daqui é interromper esse crescimento, assim como do Paulo Bernardo. Voltar para a equipa B não seria uma fase de crescimento. Fizemos isto no passado com o Florentino e este ano está a ter um enorme rendimento. Saem da zona de conforto para poderem voltar. Até um tal de Rui Costa passou por isto. O barómetro é o Florentino, que esteve emprestado, voltou e hoje é titular da equipa.


Escolhemos um campeonato para o Henrique que vai dar o que um ponta de lança precisa, ele vai crescer, não tenho dúvidas. Contamos com ele, assim como com o Paulo Bernardo. O João Victor foi para França e entronca na situação do Brooks, não tendo utilização até final da época ficaria praticamente parado. Vai habituar-se ao futebol europeu, veio do Brasil e estando em França vai fazer essa adaptação.»


Enzo sem substituto: «Já tínhamos dado provas de estar prontos para todas as situações, sejam saídas ou entradas. Merecemos esse mérito, creio. A situação do Enzo começou no final de dezembro e estivemos sempre prontos para qualquer situação com jogadores influentes do plantel, mas a menos de 10 horas do fecho do mercado ainda havia possibilidade de o Enzo continuar. Todos os alvos que tínhamos, como podem calcular, seriam de extraordinária dificuldade trazê-los a dois dias do fecho do mercado. Não só os clubes não os libertavam, como um jogador que valesse €10M passava a valer €50M. Completar por completar não e temos de acreditar nos jogadores que temos. Assumo a responsabilidade por não termos trazido ninguém. Às vezes, sai um e nasce outro, basta olharem para o António Silva, que era o central da equipa B. Não íamos trazer um jogador só para dizer que tínhamos contratado alguém, é com estes que vamos chegar ao título. Não há nada que seja desalinhado com a equipa técnica e, até hoje, não falhou nada nessa ligação. Estamos a fazer uma época extraordinária e peço aos adeptos que não olhem mais para trás.»


Comissões: «Quando se contrata um jogador deste gabarito, com muito mercado, não se consegue fazê-lo sem dar ao agente um mandato de venda, de 10 por cento, o básico. É aqui que eles ganham dinheiro e só assim se consegue ir buscar um jogador destes. Isto não acontece só no Benfica, esses 10 por cento têm de ser pagos independentemente de ser vendido pela cláusula ou não. Nesta transação reduzimos essa verba. Conseguimos reduzir 3,5 por cento de comissões, faz parte das regras do jogo, nenhum empresário aceita que venha para aqui sem ter essa fatia garantida.»


Pagamento dos €121M: «O pagamento será parcelado. O negócio só se efetua quando se retiram aos representes €4,5M que nos permitem ter a tal almofada para cobrir os juros das prestações. Para nós vale como uma operação a pronto caso queiramos e precisemos. Não foi por acaso que este negócio foi até ao limite do tempo do mercado. Fizemos tudo para o manter cá.»


Processo de venda de Enzo: «A proposta reapareceu a dois dias do fim do mercado e o Enzo foi exigente. Mostrámos-lhe todas as possibilidades que ele tinha para ficar cá mas ele não mostrou qualquer abertura para ficar. Criámos a solução de poder ficar até final do ano sem perder um tostão. À hora de almoço de dia 31 meto em cima da mesa a proposta de o comprarem já e o levarem no verão, baixando substancialmente o valor de venda. Mesmo assim o jogador mostrou-se completamente negativo a ficar no Benfica e é aqui que a coisa muda e que os benfiquistas têm de mudar comigo.


Um jogador que, mesmo assim, não quer ficar não está a mostrar compromisso com o clube. Mesmo sem perder um euro não quis ficar! Foi aqui que pensei que o Enzo não podia jogar mais no Benfica. Tenho de gerir o clube e eu, como presidente e adepto, não queria o Enzo no Benfica. O Enzo não podia entrar mais no balneário do Benfica. Já tínhamos posto a cabeça por ele ao contratá-lo sabendo que podia só vir em dezembro. O que estamos a tentar construir é uma equipa com compromisso com o clube e eu não queria que o Enzo vestisse mais a camisola do Benfica. Não vou ficar a chorar por um jogador que não quer representar o Benfica. Confiem nos jogadores que temos. O caminho é para a frente e esta é a minha política. No Benfica e na formação só estarão jogadores que tenham orgulho em cá estar!»


Enzo Fernández por €121M para o Chelsea: «Tudo foi feito para que a venda não se efetuasse. Estão todos os dados em cima da mesa que mostram exatamente isso. Estou de consciência tranquila porque fiz o melhor para o Benfica dentro do que foi todo este processo. Desde o primeiro dia que tentámos não vender o Enzo a meio do ano e eu disse que não venderia abaixo do valor da cláusula. Tentámos tudo para não o vender! Desde o princípio que o Enzo não queria ficar e mostrou essa vontade.


A cláusula de rescisão é acionada em caso de litígio com o clube. Se viesse um dos nossos rivais tentar levar o jogador tudo isso seria feito, o que não aconteceu neste caso. Valor da cláusula é a verba que está mas que significa o acordo que há entre clube e jogador para que, caso chegue uma proposta daquele valor, o jogador poder decidir se quer ficar ou sair. Desde o início que tememos que o Chelsea trouxesse o valor da cláusula.


Tentámos tudo para o manter, até um aumento salarial... Foi feita essa proposta para que ele ficasse. A proposta que o jogador tinha era completamente inviável, até metade dela. Percebemos que os clubes financeiramente poderosos têm uma capacidade de aliciar o jogador de outra forma... Em Portugal temos dificuldade em acompanhar essas propostas. Eu fui jogador, quem sou eu para não perceber isso? O Enzo é um jogador extraordinário. Iria perder valor no Benfica até final do ano? De todo. Tentámos tudo para que ele percebesse que no final da época não seria só o Chelsea a aparecer! Nunca conseguimos convencê-lo.»


Balanço financeiro (€128M recebidos, €16M gastos): «Se excluirmos o Enzo percebemos que não gastámos de forma exagerada neste mercado. Estamos a tentar ter um equilíbrio financeiro e desportivo mas sempre apontando à parte desportiva. Não sou nenhum louco para levar o Benfica à falência financeira. Sabemos que linhas temos para percorrer e a estrada que temos pela frente. Projeto desportivo sempre à frente do financeiro. Quem pode temer que o Benfica esteja a fazer all in é alguém que está preocupado com o que o Benfica pode fazer, não nós.»


Gonçalo Guedes: «Não vou esconder que não pensávamos nele, não entrava na equação. Mais perto do fim do mercado apareceu a hipótese e entrámos na luta pelo empréstimo. Esta transferência foi feita em dia e meio. O Gonçalo estava a caminho de outros clubes em campeonatos de maior valia mas, a partir do momento em que falou connosco, não hesitou e quis voltar a casa. Foi uma carta fora do baralho. O Guedes não tem uma posição específica, é uma mais valia em vários lugares, é muito versátil. Jogador da casa, português, conhece o nosso campeonato e quer muito jogar pelo Benfica, o que para mim é fundamental. Não pensámos duas vezes e trouxemo-lo para casa.»


Andreas Schjelderup e Casper Tengstedt: «Precisávamos de mais um extremo e um homem de área para colmatar uma lacuna no plantel. Dois jogadores de grande qualidade, de presente e futuro. Schjelderup merece-nos uma grande confiança no futuro. O mercado nórdico sempre resultou no Benfica e, neste momento, tem de ser visto com estes olhos. Há muito talento e encontrámos alvos que nós acreditamos que serão uma mais-valia. Já tivemos esse exemplo com o Aursnes. Estão agora a fazer uma mini pré-temporada para estarem em condições.»


Helton Leite: «Queria jogar e entendemos que o Samuel e o André, dois miúdos, oferecem-nos total confiança. Não tivemos de repor porque dentro de casa há soluções.»


Brooks: «Chegou no último dia do mercado de verão numa altura em que o Morato se lesionou e o António ainda não era o António, mais o João Victor e o Lucas Veríssimo lesionados... O Brooks acabou por não ter utilidade e agora cedemo-lo. Fomos buscá-lo porque, na altura, só tínhamos Otamendi e António Silva, que na altura ainda não estava neste patamar, e tivemos de nos precaver. Estou muito grato à disponibilidade total que ele mostrou. Trabalhar com seis centrais não seria bom para ninguém.»


Objetivos do mercado de inverno: «A ideia foi continuar o projeto iniciado este ano. Reduzir número de ativos que tínhamos, encargos, jogadores emprestados e fora do clube... Começámos a época com 65 ativos, um número completamente exagerado, e agora temos 37. Há uma redução de 28 jogadores, seguindo as linhas do projeto traçado. O plantel tinha 30 jogadores e o ideal nos plantéis do Benfica é entre 24 e 26 e foi com esse objetivo que fizemos este caminho. Foi um trabalho excelente, que pensámos que só podia ter sido feito em três ou quatro janelas de mercado. Financeiramente tentámos criar algum equilíbrio, não contando com o Enzo, para que os jogadores que fossemos buscar, pelo menos um deles ficasse pago com as vendas.»



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