O Pavilhão Fidelidade, casa do basquetebol e do hóquei em patins do Benfica, vai encher-se hoje de estrelas para, durante o intervalo do jogo da 19.ª jornada da Liga Betclic diante a Oliveirense, homenagear, a título póstumo, Henrique Vieira, antigo capitão, treinador e um dos elementos das dreams teams que, na década de 1980, devolveu o fulgor que as águias tinham perdido.
Falecido a 7 de julho de 2022, aos 65 anos, vítima de doença prolongada, o internacional português nascido em Moçambique em 1957 vai juntar-se a Carlos Lisboa, considerado o melhor basquetebolista português de todos os tempos, e a Válter Neves, um dos eternos capitães do hóquei patins encarnado, atualmente manager da modalidade no clube da Luz, até hoje os únicos atletas benfiquistas cujas camisolas, neste caso a 7 e 2, respetivamente, tinham sido retiradas.
Ao contrário de Lisboa e Válter, a homenagem a Henrique Vieira não aconteceu a tempo do malogrado base poder vivê-la. Ainda assim o Benfica convidou mais de 80 pessoas, entre antigos jogadores, treinadores e elementos do staff que privaram com Henrique Vieira durante as 11 temporadas em que contribuiu, como jogador, para a conquista de sete títulos, uma Taça de Portugal, Taça da Liga e uma Supertaça, e nas outras cinco que, na qualidade de técnico, voltaria a ser obreiro do regresso das águias aos troféus com dois Campeonatos Nacionais, uma Taça Hugo dos Santos, duas Supertaças, dois troféus António Pratas e uma Supertaça Luso-Angolana.
No intervalo da receção benfiquista à Oliveirense - clube que Henrique Vieira também orientou durante oito temporadas rumo aos primeiros sucessos e que também promoveu homenagem quando os encarnados foram jogar a Oliveira de Azeméis - estima-se que séra sob os olhares de muitos sócios, elementos da direção do Benfica, bem como figuras institucionais da modalidade e do desporto português em geral, terá lugar em campo a cerimónia, com a presença de elementos da família do malogrado jogador e figuras gradas do clube a fazerem com que a gigante lona vermelha com o número 5 se junte, no topo da bancada do recinto lateral, às que imortalizam Válter Neves e Carlos Lisboa.

Considerado uma das maiores referências do basquetebol português, Henrique Vieira chegou ao Benfica em 1981/82, após ter entrado no basquetebol português pelas portas da Académica (1976/77) tendo passado pelo Ginásio Figueirense e Atlético CP antes de chegar à Luz.
Na altura, o emblema andava arredado dos títulos desde 1975. O talento de Vieira, reforçado pela volta de Fernando Marques, a contratação de Carlos Lisboa, José Carlos Guimarães, que emprestou o brilho que trazia dos cestos de Angola, e a experiência de Hélder Silva mudaram as perspetivas do basquetebol na Luz, onde é o terceiro jogador com mais jogos, atrás de Lisboa e José Alberto. Figura ainda entre os melhores marcadores de sempre, tendo deixado os cestos em 1992 para abraçar a carreira de treinador, profissão na qual levou ainda o sabor da conquista do títulos à Ovarense e à Oliveirense, emblema que hoje testemunha a imortalização de uma estrela.