O norueguês Magnus Carlsen, de 31 anos, campeão mundial de xadrez desde 2013, confirmou que não aceitará colocar o seu título em jogo, o que sucederia de novo em 2023, e quase inevitavelmente com o rival que venceu em 2021, o russo Ian Nepomniachtchi, por «não ter motivação».
«Acho que nada tenho a ganhar em ir ao Campeonato do Mundo. Embora esteja ciente de que seria um jogo interessante, do ponto de vista histórico e por tudo o mais, não estou inclinado para ir à prova e simplesmente não irei disputar esse jogo», afirmou Magnus Carlsen à imprensa do país, citado na CNN.
«As minhas convicções mantêm-se, e estou confortável com elas. E esta é uma sobre a qual já reflito há bastante tempo. Diria que há mais de um ano, até bem antes do nosso anterior duelo [com o Grande Mestre russo]», afirmou o incontestado melhor jogador do mais cerebral e antigo dos desportos da última década.
Magnus Carlsen sublinhou já ter informado da sua decisão quer o próprio Ian Nepomniachtchi, de 32 anos - também ele Grande Mestre -, quer a própria federação internacional da modalidade (FIDE, sigla francesa). «A conclusão é simples: não estou motivado para jogar outro jogo».
Uma tomada de posição insólita – o detentor do cetro não defender a sua ‘coroa’ – e que garante, forçosamente, novo campeão mundial em 2023, mas que a FIDE, em nota, disse aceitar e compreender por parte do Grande Mestre norueguês.
A FIDE promete mudanças no sistema do Campeonato do Mundo, que obriga os melhores a terem de cumprir um mínimo de cinco jogos durante a prova para poder reclamar o título mais desejado.
Isto depois de, em 2021, o duelo de Carlsen com Nepomniachtchi ter entrado para o Livro dos Recordes do Guiness como o jogo mais longo da história dos Mundiais, ao demorar quase… oito horas.
«Magnus não mudou a sua opinião desde maio, quando conversarmos em Madrid», escreveu o presidente da FIDE, o também russo Arkady Dvorkovich, numa nota distribuída à imprensa, sobre a posição de Carlsen: o campeão não defenderá o título em 2023.
«Compreendo que isso seja uma deceção para os fãs e mau para o espetáculo. Deixa um vazio. Mas o xadrez está mais forte do que nunca, e em grande parte deve-o a Magnus [Carlsen]. Os Mundiais, e o jogo para o campeão, uma tradição no mundo dos desportos, vão continuar», sublinhou Dvorkovich.
Sem Magnus Carlsen no Mundial-2023 e ainda sem data e palco escolhido para o evento, os dois primeiros do torneio de candidatos, de onde deveria sair o opositor de Magnus Carlen no jogo do título, vão discutir entre si quem será campeão: são eles o chinês Ding Liren e o vice-campeão mundial, o russo Ian Nepomniachtchi.