A Liga de Clubes, esse mistério… (artigo de José Manuel Delgado)

CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO A Liga de Clubes, esse mistério… (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL26.05.202015:34

Está à vista de todos que o modelo encontrado para a governação da Liga de Clubes não serve os interesses do futebol. Pontualmente, pode defender os interesses particulares deste ou daquele clube, que promove alianças conjunturais em busca de um benefício imediato, sem perspetiva, sem profundidade e sem alcance. Mas, de vitória em vitória até à derrota final, tem sido escrita a história desta instituição.
 

Houve um tempo, especialmente durante os consulados de Hermínio Loureiro e Fernando Gomes, em que houve progresso e sentiu-se um ar de modernidade que retirou algumas teias de aranha. Mas foi curto, (entretanto a Liga perdeu a Disciplina e a Arbitragem) e rapidamente regressaram lógicas passadistas. A conclusão a que deve chegar-se, ao dia de hoje, é que esta fórmula está ultrapassada e não vai ser com ela que se conseguirá o salto qualitativo que tanta falta faz à indústria do futebol.
 

Por exemplo, mete-se pelos olhos dentro que a I Liga precisa de reduzir clubes (para 12!) e o que se ouve da parte de muitos clubes é a necessidade de alargar a competição para 20 emblemas. Ninguém é bom juiz em causa própria e esta obsessão com a árvore, em detrimento da floresta, tem sido uma força de bloqueio ao progresso e ao desenvolvimento.
 

No próximo dia 9 de junho saber-se-á se Pedro Proença sai, continua a prazo ou fica reforçado. Esta última hipótese afigura-se-me altamente improvável. Tenho pena que uma figura importante da arbitragem portuguesa, como é o caso de Pedro Proença (o melhor de sempre, embora não tivesse a intuição e o virtuosismo de António Garrido) não tenha seguido uma carreira no dirigismo da arbitragem, quiçá no plano internacional. Na Liga de Clubes, num ‘clube’ a que nunca tinha pertencido, deu sempre a ideia de ser um peixe fora de água. No entanto, a ideia com que fico dele é de alguém estruturalmente honesto, que procurou, por vezes com demasiado afã, apoios variados e pouco coerentes, e que sempre procurou um protagonismo que a própria natureza do cargo de presidente da Liga não comporta. Mas há que dizer que Pedro Proença tem uma visão correta do negócio do futebol, da necessidade de promover equilíbrio na competição para esta subir de nível, e da urgência de se promover a venda centralizada dos direitos televisivos.
 

Com a maior parte dos clubes à beira da falência, só com medidas corajosas e inovadoras haverá hipótese de manter o futebol nacional no pelotão da frente da UEFA. Querem? Como? Com quem? E quando? Ontem, já era tarde…