«Ser Porto» (artigo de José Neto, 95)

Espaço Universidade «Ser Porto» (artigo de José Neto, 95)

ESPAÇO UNIVERSIDADE13.01.202012:07

Foi o tema escolhido para pelo 4º ano consecutivo abordar numa Aula/Conferência no auditório Dr. Sardoeira Pinto no Museu do F.C.Porto, num ato que o afetuoso dever da gratidão e muita saudade me envolve em continuar a cultivar a memória duma relação com o senhor José Maria Pedroto, o Mestre dos Mestres que nos deixou há 35 anos.

No auditório repleto de muitos convidados que muito me honraram com a sua presença, registo o senhor presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, a Drª Cecília Pedroto e filho Dr Rui Pedroto, ex jogadores internacionais como o Bi Bota de ouro Fernando Gomes, José Alberto Costa, Rui Barros, Frasco, Taí,  etc …  o presidente da ANTF José Pereira, alguns presidentes ou representantes de Casas do F.C.Porto, o meu Magnífico Reitor Professor Doutor Domingos Silva, colegas João Mota e António Cunha, a super campeã do mundo das pistas e do asfalto Aurora Cunha, os melhores 4 alunos de cada turma do 1º ano Futebol e Mestrado de alto rendimento e treino desportivo do Instituto Universitário da Maia/ISMAI e Instituto Superior Politécnico da Maia  (IPMAIA) e outros amigos cujos laços fraternos tenho o privilégio de “comungar” em afeto e felicidade.

Dedicada esta Aula/Conferência, tal como as anteriores, ao senhor Pedroto, um treinador adiantadíssimo no tempo no que concerne à cultura e arte de “olhar” o jogo e sempre acolitado duma estratégia vencedora “contra ventos e marés”… também dedicada ao senhor presidente que considero eterno, venerado pela sua história de sucesso e dos títulos já conquistados (e a conquistar) no mundo do desporto e a Sérgio Conceição pela notável dedicação à nobre causa ganhadora, repetidamente definida pelo presidente, que com paixão, rigor, competência e ambição, vai cultivando o terreno do e para o êxito.

Procurei no “SER PORTO” incorporar uma das caraterísticas que considero fundamentais. Para tal, assim defini o subtema RESILIÊNCIA, essa capacidade de transformar a humilhação em glória e exaltação, onde os fracassos, as angústias e crises podem ser a base para se conseguirem estratégias de superação que como referia Charles Colton “muitas vezes uma grande adversidade se pode transformar em trampolim para a maturidade”.

Procurei orientar a minha dissertação com base em algumas experiências passadas resultantes do acompanhamento de atletas de eleição em profundas atribulações devido a graves lesões, que fustigados pelo tempo depressa se transformaram em “deuses caídos” e outras causas de gente que da adversidade e descrédito conseguiu transportar na alma as pegadas da experiência vivida e no coração o suor das causas para vencer. Gente que foi à luta e GANHOU!...

No domínio arrastado pela dor das adversidades sentidas, o mais importante em avaliar a forma como se cai, e seguindo o pensamento de Mandela, será refletir na forma como se deve levantar, sabendo porém que não há sucesso que perdure nem fracasso que seja eterno, sabendo ainda que a recompensa dum trabalho bem feito estará na oportunidade de o repetir e porventura melhorando-o.

Sem pretender no aspeto pedagógico exponenciar um egocentrismo atrevido, procurei de certa forma anotar algumas estratégias para que se vejam ultrapassadas as fragilidades duma derrota e cultivar uma prática anunciadora de imediato sucesso. Para tal o facto de anotar nos dias mais dramáticos os capítulos mais importantes da história pessoal vivida, estabelecendo rankings congruentes com o sucesso obtido, lutando com paixão e abraçando a vida com paixão, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito importante para ser insignificante, sendo curta, não devemos ter pressa em a viver.

Outra das estratégias comentadas foi o facto de tentar cada qual procurar o prazer de se doar, tratar e proteger quem mais precisa, com obras de coração aberto, sem que  para isso se devam ser anunciadas, e sobre o silêncio dos nobres descobrir o milagre da solidariedade pela vida. Ainda um apelo ao dever da consciência numa evocação ao valor dos sentimentos, sabendo que entre o pensar e o sentir, não devem existir fronteiras, e que, como refere Norman Cousins “ a crença gera biologia”. Essa crença como força motriz de intencionalidade operante que converterá o conteúdo do desejo em algo que ao não ser vivido, aquele se torna desonesto (Ghandi).

Por último a anotação de temáticas básicas de expressão coletiva de sucesso como seja o pensamento de orgulho e pertença a uma identidade coletiva; os estabelecimentos de regras, compromissos e objetivos e a valorização da contribuição pessoal no contexto do grupo; a promoção de situações que perfazem a experimentação do sucesso e fazer de cada gota de suor um momento de confluência do saber ser com o saber viver, exprimindo a coragem, sinalizar a alegria, exaltar a dedicação individual sempre em prole do coletivo.

Como tantas vezes tem repetido o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa o segredo de quem pretenda atingir o êxito está na competência, rigor, ambição e paixão, constituindo pela biologia da sua essência uma verdadeira âncora onde se acolhe o sucesso. Senti uma enorme honra ter a meu lado nesta Aula /conferência uma seleção de vários alunos que atingiram bitolas de sucesso na avaliação deste primeiro semestre, por ter valido a pena os ter ajudado a descobrir generosamente a arma das boas ideias e também a vontade de conquistar pelo exemplo o sonho do futuro. No final a todos foi permitida uma visita guiada à descoberta mais emblemática da vida do F.C.Porto, tão bem ilustrada na viagem de esplendor e encantos que a história de sucessos se deixa evocar de forma bem representativa do seu Museu.

Reconhecido à Direção do Museu do F.C.Porto pela excelência no trato e apoio exemplar concedido. Muito grato ao F.C.Porto que, pela magnitude de presença do senhor presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, me ter permitido com os olhos e coração bem amarrados ao passado, ter tido a oportunidade de honrar o presente… e com a atenção com que fui escutado, fui reconstruindo imagens, memórias e vivências que jamais deixarão de iluminar a distância do meu caminheiro!...

José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências de Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário.