CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Treinador de futebol (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL03.08.202019:26

A apresentação de Jorge Jesus deu-nos a conhecer a atual versão do novo técnico encarnado, onde as experiências marcantes vividas no Sporting e no Flamengo estão presentes. O que aconteceu a Jesus no último ano em Alvalade não foi, pelas piores razões, normal; assim como não pode ser, pelas melhores razões, considerada normal a temporada que viveu no Rio de Janeiro. Uma e outra, por causas distintas, tornaram-no mais forte.

O momento mais importante da intervenção de Jorge Jesus aconteceu quando disse: «Eu sou treinador de futebol. Não sou treinador deste ou daquele clube. Sou treinador de futebol e entrego-me a 100% ao clube que represento.» 

Os sócios mais céticos do Benfica quanto ao regresso de JJ devem meditar nesta frase, que encerra a mais suprema das verdades no futebol profissional. Não vale a pena fazer juras de amor quando se sabe que os resultados é que mandam, vale, isso sim, a pena, meter a carne toda no assador para que as coisas batam certo. 

O outro ponto relevante da intervenção de Jorge Jesus foi quando ele se afirmou um Homem do Presidente. É público e notório que JJ só aceitou voltar porque tem uma relação especial com Luís Filipe Vieira, tão forte que acreditou que vai ter à disposição os meios que exigiu para devolver o Benfica ao lugar europeu que deve ser seu, sem esquecer, e o treinador disse-o, «que o campeonato é sempre a prioridade.» Não sei, neste contexto pré-eleitoral que é vivido no Benfica, como vão os outros candidatos reagir à forma como Jesus se referiu a Vieira. Mas Jorge Jesus terá sido apenas sincero porque, de facto, a influência do presidente no seu regresso foi determinante.   
Finalmente, e nesta primeira abordagem em cima do acontecimento, nota para a preocupação em usar o «nós» onde antes tantas vezes usou o «eu» e ainda para a frase que serve de mote para a unidade da nação benfiquista que tanto pediu: «Vamos arrasar!»