Não podia ter corrido melhor o primeiro dos dois jogos em Paris a Victor Wembanyama, a maior estrela dos Spurs e do basquetebol francês. Poste dos Spurs dominou o jogo contra os Pacers. Chris Paul contou que parecia estar no All-Star Game. Rick Carlisle, treinador adversário, disse que Victor é de «tirar o fôlego»
PARIS — Se os bilhetes para os dois encontros da regular season entre os Pacers e os Spurs haviam esgotado em menos de 24 horas, porque razão quando faltavam mais de três horas para o jogo não haveria de haver já milhares de pessoas em fila para entrar na Accor Arena? É claro que havia. Apesar de algum frio e chuva, muitos quiseram ter a certeza que estavam bem cedo no pavilhão.
Deram a paciência e o tempo por bem empregues. Para plena satisfação dos cerca de 18 mil espectadores, os texanos arrasaram com vitória por 110-140 (29-30, 28-30, 23-45, 30-35), com a maior estrela da noite a ser o jovem francês, de 21 anos, Victor Wembanyama, com 30 pontos, 11 ressaltos, 6 assistências e 5 desarmes em 32 minutos. Quando saiu definitivamente a 5.31m do apito final (101-125) estava tudo resolvido.
«Não sei o que o Victor disse [ao público] antes do jogo, mas resultou. Os Spurs jogaram muito bem e o Victor foi incrível. Ele é de cortar a respiração», declarou o treinador dos Pacers Rick Carlisle. Já o veterano base Chris Paul que, na véspera, havia afirmado que tinha ideia que os Spurs iriam disputar os dois jogos em casa… Não se enganou. Agora até revelou que os primeiros momentos pareciam um All-Star Game. E CP3 deve saber do que falava, já participou em 12.
Apesar de neste primeiro embate — o segundo será amanhã —, ter como anfitriã a formação de Indianápolis, com direito à sua apresentação especial, cheerleaders, a mascote Boomer… foram os texanos tiveram sempre o público do seu lado, com especial apoio a Wembanyama. Em certos momentos levando o recinto à euforia.
Na conferência de imprensa o commissioner Adam Silver fizera referência que Wemby, na NBA apenas desde a época passada, é já o terceiro basquetebolista da liga mais seguido nas redes sociais e quinto em vendas de camisolas em todo o mundo. As bancadas refletiam isso. A jersey n.º 1 do poste gaulês estava por todo o lado, com a versão em negro a dominar.
Ao contrário do que costuma acontecer nestes jogos europeus, desta vez quase não se viam camisolas de Lakers, Celtics e Bulls. Foi difícil encontrar alguém que mostrasse o afecto que não fosse aos Spurs, mas havia quem, orgulhosamente, quem tivesse trazido a da seleção francesa. Afinal, há menos de seis meses, os les bleus deram que fazer aos Estados Unidos, neste pavilhão, na manutenção do título de campeões olímpicos.
Depois do público ter aquecido o ambiente a cantar A Marselhesa, Wemby, que também a entoou, confessou até que pensava que a cantora iria apenas dar os primeiros acordes e deixar as pessoas continuar, antes da bola ao ar o base canadiano dos Pacers Bennedict Mathurin foi a meio-campo com Wembanyama agradecer, em francês, a comparência e o apoio. Palmas.
Seguiu-se Wemby… «Boa noite Paris» e teve de esperar alguns segundos para continuar tal foi a ovacão. É o orgulho do basquetebol francês e para gáudio de todos no aquecimento nem se esqueceu da rotina de dar com o pé alguns toques seguidos com a bola de basquetebol como se fosse uma de futebol.
E foi a rolar que tudo aconteceu como provavelmente sonhara fazer diante da família e amigos, a apenas 27 km da cidade onde nasceu e cresceu. Ainda faltavam 10m para terminar o jogo e já se ouviam os gritos de: MVP! MVP!, enquanto Wemby fazia lances livres. O encontro, que se manteve-se equilibrado até ao intervalo (57-60), tornou-se esmagador a favor dos Spurs após o início do 3.º quarto, com a equipa a marcar 45 pontos e a sofrer apenas 23 (80-105).
Entretanto o público envolvera-se. «Defense! Defense!» gritavam, Coincidentemente ou não, foi na defesa, aproveitando sucessivos turnovers e terminado em contra-ataques, que San Antonio desequilibrou, com Wemby a arrasar e a realizar três abafos seguidos em três ataques diferentes dos Pacers.
Enquanto isso, ia terminando do lado contrário com afundanços, ou um triplo. Mas, na memória ficará quando, sem ter espaço e passos para dar, resolveu o problema fazendo uma assistência a si atirando a bola à tabela e finalizando com mais um afundanço. Brilhante!
Os Pacers, que tiveram em Bennedict Mathurin (24 pts), Palcal Siakam (18 pts, 4 res, 6 ass), Miles Turner (14) e Obi Toppin (13 pts, 3 rss) os mais produtivos, terão de esperar por sábado para melhor sorte, No entanto, uma coisa é certa. Irão tornar a ter o público, que veio para a festa para a viver como costumam ver na televisão, a favor de San Antonio.
Devin Vassell (25 pts, 3 res, 4 ass), Harrison Barnes (20 pts, 7 res, 3 ass) e Jeremy Sochan (13 pts, 9 res, 3 ass) deram igualmente preciosa ajuda para que Wembanyama vivesse a noite perfeita no regresso a Paris.
«Em todos os jogos existem certas semelhanças. O desta noite foi definitivamente diferente. Houve um apoio do público díspar. Tentamos usar essas circunstâncias a nosso favor e desta vez foi uma noite fácil a nosso favor», contou Wemby.
Cinco meses após a conquista da prata nos Jogos Olímpicos, estrela dos texanos está de novo na capital francesa e tem andado numa roda viva entre eventos oficiais e aqueles que organiza para que os companheiros de equipa conheçam melhor a sua cidade, comida, tradições e história. Não gosta de falar à imprensa, mas sabe que se quer estar na NBA tem de ser assim. Na NBA, só Magic Johnson e Michael Jordan havia criado tanta euforia na Cidade Luz.