Pedro Proença: «Normas anti-corrupção carecem de reforço»

Liga Pedro Proença: «Normas anti-corrupção carecem de reforço»

NACIONAL26.06.202314:07

Pedro Proença fez uma declaração aos jornalistas após a Assembleia Geral da Liga, que decorreu esta manhã na sede da instituição, no Porto. A reunião de clubes das competições profissionais, para além de aprovar o Plano de Atividades e Orçamento para a temporada 2023/2024, ficou marcada pela análise da Liga aos acontecimentos do caso BSports, processo que igualmente marcou as palavras – as primeiras em público sobre o delicado tema – do líder da entidade que gere o futebol profissional por recaírem fortes suspeitas de atos criminais sobre Mário Costa, anterior presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga.

O caso BSports, segundo Proença, «arrastou para as notícias o nome da Liga Portugal, ligada, ainda que de forma indireta, a suspeitas de atos que, naturalmente, repudiamos com toda a veemência». Por conseguinte, transmitiu «uma palavra de conforto às verdadeiras vítimas deste caso, os jovens e as famílias, que devem ser a primeira preocupação de todos nós».

«Sabemos que este é um caso de Polícia. E que em nada está relacionado com o Futebol Profissional, mas sim com o futebol amador e de formação e à entrada e permanência ilegal de jovens estrangeiros em Portugal», prosseguiu o mesmo dirigente, sendo, portanto, «matéria sobre a qual Governo, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Federação Portuguesa de Futebol, Sindicato de Jogadores e demais autoridades devem, em conjunto, refletir e atuar».

«Quero, também, realçar um ponto sobre o qual não podem ficar quaisquer dúvidas: a Liga Portugal e eu próprio fomos totalmente surpreendídos com as suspeitas que envolvem o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral», frisou o líder da Liga, sublinhando, também que «não havia conhecimento das atividades empresariais» de Mário Costa.

Perante as notícias que surgiram sobre o caso BSports, os órgãos sociais da Liga e sociedades desportivas tiveram «a noção da grave violação dos Estatutos e do Código de Transparência e Anti-Corrupção que constituía a alegada ligação do Dr. Mário Costa à BSports», para mais tendo Mário Costa «assinado declarações em que declarava, sob compromisso de honra, não se encontrar em situações de incompatibilidade com os Estatutos e o Código de Transparência e Anti-Corrupção da Liga Portugal, que conhecia, depressa percebemos que estávamos, no mínimo, perante um gravíssimo e intolerável caso de omissão».

Notícias essas que «contaminaram o bom nome e a credibilidade da Liga Portugal e de todo o universo do Futebol Profissional, bem como toda a luta que ao longo dos últimos anos travámos na defesa de princípios basilares, como Ética, Transparência e Integridade», num processo que despoletou à substituição de Mário Costa por José Mendes.

«Hoje, a Liga Portugal inicia uma nova era, de olhos postos no futuro», está convicto Pedro Proença, certo, também, que se possam retirar ilações do que se passou.

«Percebemos que os mecanismos de escrutínio que implementámos na Liga Portugal, apesar de nos terem garantido certificações de normas Anti-Corrupção e Boa Governação, carecem de reforço e de atualização. Iremos, em conjunto com os clubes, reforçar as políticas de Compliance e os mecanismos de escrutínio prévio da idoneidade de todos membros dos Órgãos Sociais, Direção e Direção Executiva, assim como de todos os funcionários e colaboradores da Liga Portugal», assegura, de forma a «blindar a Liga Portugal de quem lhe possa, de alguma forma, causar danos».

Pedro Proença também anunciou, na AG da Liga que decorreu antes, a promoção de «ações, atos e diligências ordenadas ao apuramento e eventual responsabilização das pessoas e entidades por condutas lesivas do bom nome, honra e imagem da Liga Portugal, nomeadamente», bem como «ações judiciais ao ex-presidente da AG (Dr. Mário Costa) e a todas outras e quaisquer entidades que venham a ser responsabilizadas, por danos reputacionais causados à Liga Portugal», entre outras.

«A Liga, os órgãos sociais e os clubes não deixarão passar sem ação firme, eficaz e imediata quem não quer servir o Futebol Profissional, mas antes servir-se do Futebol Profissional em nome de interesses particulares», frisou Pedro Proença a terminar, pretendendo construir «uma Liga sólida, credível, e que orgulhe todos aqueles que com ela colaboram».