Maximização de ganhos financeiros, potencial para crescimento
global e notoriedade são alguns dos motivos que o estudo da consultora
KPMG “Principais razões para adquirir um clube de futebol profissional”
aponta como benefícios para comprar um clube.
O estudo, que dá
exemplos como o Manchester United, Liverpool e Manchester City aponta
estes clubes como emblemáticos relativamente ao retorno económico e
financeiro que deram e continuam a providenciar aos seus investidores.
Por outro lado, o estudo da consultora junta a estes clubes o AC Milan
como o exemplo de um clube que, durante 30 anos, catapultou o empresário
Silvio Berlusconi para outros cargos de relevo em Itália depois de
presidir, com sucesso, o clube de Milão.
“Os clubes de futebol são
ativos únicos, normalmente com grande visibilidade, atraindo o interesse
de grupos significativos de pessoas e audiências numerosas”, revela o
estudo da KPMG. A consultora realça que um clube de futebol pode ser um
veículo de comunicação importante para países, empresas ou indivíduos de
forma a que seja incrementado nível de conhecimento da marca. Por
exemplo, o Paris Saint-Germain e o Manchester City são frequentemente
vistos como embaixadores dos países de onde são provenientes os seus
investidores, Qatar e Emirados Árabes Unidos, respetivamente. Outro
exemplo é o do AC Milan que, durante 30 anos, deu notoriedade ao seu
proprietário nos tempos áureos do clube: o empresário e antigo
primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.
A KPMG conclui
ainda que os clubes de futebol possuem uma capacidade única de
publicidade: “Os donos dos clubes têm aqui uma excelente oportunidade
para capitalizar o desenvolvimento de uma marca ou de um patrocínio de
outras empresas que tenham. Um exemplo dessa capitalização é o de Mike
Ashley, que é dono da cadeia Sports Direct e do Newcastle United e que,
através dos espaços publicitários do clube (nome do estádio e outras
valências) tem a possibilidade de potenciar a marca”.
Investimento
chinês
A consultora KPMG realça que, nos últimos
anos, a indústria do futebol tem sido alvo do investimento chinês
sobretudo no que concerne à aquisição de equipas europeias. O Governo
chinês decretou como objetivo o desenvolvimento e crescimento do
futebol, potenciado, em alguns casos, pela aquisição de clubes que
seriam usados, na perspetiva das autoridades chines, como um “soft
power” no sentido de atrair uma posição política e uma vantagem na
posição negocial na economia que mais cresce a nível mundial. A
utilização dos clubes de futebol como “soft power” também pode ser
aplicada quando o objetivo passa pela entrada em novos mercados.
Maximização
dos ganhos financeiros
Com o disparo das receitas
associadas aos direitos televisivos (sobretudo no Reino Unido), uma
crescente sustentabilidade financeira devido à introdução do mecanismo
Fair Play financeiro, um motivo chave para se investir num clube de
futebol passa por operar num negócio onde é possível obter dividendos e
rentabilizar capital. Um exemplo desse racional é o Manchester United
que é propriedade da família Glazer. Os Glazers já eram uma família
conhecida no contexto do investimento desportivo nos EUA quando
decidiram investir na Premier League. Esta família escolheu o Manchester
United porque já era um clube com um bom posicionamento e bem sucedido
comercialmente.
O interesse tem vindo a crescer no futebol à
escala global nas últimas três décadas. Este crescimento tem sido
acelerado pela internet e pelo desenvolvimento das plataformas de media
digitais nos últimos anos. Este crescimento fez com que mais empresários
quisessem fazer parte deste fenómeno. Se um investidor consegue
encontrar o clube certo, aplicar uma estratégia de sucesso e encontrar o
momento exato, o crescente valor dos direitos televisivos e receitas
comerciais pode resultar num retorno de investimento significativo.
Especialmente
em Inglaterra, uma das razões para um forte investimento em clubes em
divisões inferiores é a potencial recompensa pela promoção de clubes
para a Premier League. Isto pode ser visto como algo especulativo: na
maior parte dos casos, um alto nível de investimento nos plantéis
(transferências, salários dos jogadores) é exigível para atingir este
objetivo, algo que resulta muitas vezes em perdas. A avultada recompensa
por chegar à Premier League é um dos motivos para investir mas se essa
promoção não acontece a curto prazo, as perdas podem ser devastadoras,
aponta a KPMG.
Clubes que compram outros clubes
A
capacidade de gerir um clube futebol pode ser usada para ganhar vantagem
neste setor a nível global. O melhor exemplo é o City Football Group: o
grupo que gere o Manchester City, também investiu noutros clubes já que
o grupo comprou capital em clubes em Inglaterra, Espanha, EUA,
Austrália, Japão, Uruguai, China e Índia.