A Premier League, apenas neste 2022/2023, implodiu todos os recordes. Os 20 clubes do campeonato mais atrativo do futebol mundial, combinados, gastaram qualquer coisa como 2,25 mil milhões de euros em contratações, com o Chelsea campeão no investimento: contabilizando-se as entradas e saídas de jogadores do plantel, 544 milhões de euros de despesa. Este montante inclui o pagamento ao Benfica de 121 milhões de euros pelo argentino Enzo Fernández!O Chelsea é 9.º no campeonato, a 10 pontos do 4.º, o Newcastle, clube de propriedade saudita que corre pelo acesso à Liga dos Campeões do próximo ano. Em termos comparativos, a 2.ª equipa que mais gastou nos dois mercados da época foi o Manchester United, que investiu um total de 230 milhões de euros, contabilizando as vendas e as compras. Os dois emblemas têm líderes norte-americanos.Os 20 clubes da Premier League, ainda em 2022/2023, gastaram quatro vezes mais do que os rivais da Serie A italiana, a liga na 2.ª posição da tabela de investimentos. Estes números explicam-se com a capacidade financeira que os ingleses ganharam ao negociarem os direitos das transmissões televisivos para as próximas três épocas por 13,5 mil milhões. No entanto, temos de sublinhá-lo, existem mais razões para o dinheiro que o futebol movimenta. E petrodólares valem ainda mais do que dólares!Por estes dias, em Inglaterra, Man. City sob escrutínio… Propriedade de membro da família real do Abu Dhabi (Emirados Arábes Unidos), o clube está sob investigação da Premier League, que já detetou mais de 100 irregularidades em movimentações financeiras entre 2009 e 2018. O processo iniciou-se em 2018, após a divulgação do Football Leaks pelos alemães do Der Spiegel.Em 2020, pouco surpreendentemente, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) anulou uma decisão da UEFA que punia o mesmo City com dois anos de exclusão das competições europeias por violação grosseira das regras do fair-play financeiro. Três anos depois, por acordos de patrocínio com empresas ou investidores dos Emirados Árabes Unidos que mascararam as receitas, inflacionando-as muito, o clube arrisca perda de pontos ou exclusão da Premier League! Os rivais exigem a segunda...No futebol, alarme não são só com os negócios e os números do City! A contabilidade do PSG, outro clube-estado, também apresenta despesas bem maiores do que as receitas, mas o proprietário catari do emblema francês, habilmente, tem conseguido manter-se abaixo da zona de deteção do radar.Os regimes oligárquicos do Golfo Pérsico, quase todos multimilionários pela abundância de gás natural e petróleo, procuram promo- ver-se globalmente, privilegiando todos os desportos de massas para tentarem projetar imagem de modernidade. Exemplos mais recentes: a organização muito bem-sucedida do Mundial-2022 no Catar e a contratação multimilionária de Cristiano Ronaldo pelo Al Nassr da Arábia Saudita.Mas, há mais, muto mais. Auto- mobilismo (só esta ano, na região, quatro grandes prémios no calendário da Fórmula 1), basquetebol, ciclismo, golfe, padel. Os objetivos são muito mais importantes do que as modalidades. Talvez por isso, incrivelmente, sonha-se com Jogos Olímpicos de Inverno em Trojena, nas montanhas de NEOM, na Arábia Saudita, em 2036.